A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já prestou e continua prestando grandes serviços a agricultura nacional e a unidade de Cruz das Almas (BA) vai dar respostas às principais demandas da cadeia produtiva da mandioca.
A opinião é do agroindustrial Ivo Pierin Júnior, ex-presidente e atual diretor da Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca (ABAM) e foi manifestada ao comentar o aniversário da Embrapa Mandioca e Fruticultura, que, neste domingo (13) completa 46 anos de atividades. Na opinião dele, a unidade tem um “corpo técnico capacitado para aprofundar as atuais pesquisas e buscar novas tecnologias do setor”.
Pierin, que foi membro do Comitê Assessor Externo da unidade entre fevereiro de 2012 a abril de 2016, acredita que, assim como a Embrapa provocou uma grande transformação e impulsionou outros setores, como o de soja e milho, também var dar respostas às prioridades do setor, como o aumento de produtividade, a colheita mecanizada e a sustentabilidade da atividade no campo.
ABAM PROVOCA – A Embrapa Mandioca e Fruticultura surgiu a partir do Instituto Agronômico do Leste (IAL), construído na década de 1950, posteriormente Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Leste (Ipeal), vinculado ao governo federal, cuja missão era desenvolver tecnologias para a agricultura regional. E a atuação da unidade manteve-se, durante anos, voltada para atender as demandas regionais, atendendo a agricultura de sustento.
No início dos anos 2000, lembra-se Pierin, o então presidente da ABAM, Antonio Fadel, participou de uma reunião da unidade de Cruz das Almas e provocou os pesquisadores a estender seus trabalhos para as lavouras com fins industriais. “A ABAM provocou e a Embrapa aceitou estender suas pesquisas, a dar respostas ao potencial do setor, com o desenvolvimento de novas variedades, mais produtivas, resistentes e adequadas à atividade industrial”, sublinha.
Segundo maior produtor de mandioca do país e o primeiro na produção de fécula, o Paraná tem uma produtividade da raiz que gira em torno de 60 toneladas por alqueire. Mas já produziu o dobro disso e a queda de produtividade é resultado de uma associação de vários fatores, entre os quais o empobrecimento do solo e a multiplicação de manivas sem os devidos cuidados fitossanitários.
O quadro, no entanto, poderia ser ainda mais grave não fosse a contribuição da Embrapa que desenvolveu variedades mais produtivas. “Houve nos últimos anos uma aproximação maior dos pesquisadores com a indústria para atender nossas demandas. E isto foi um grande acerto da Embrapa, que deixou para trás uma visão de fazer uma agricultura quase que familiar, de sustento, de segurança alimentar, para oferecer ganhos econômicos ao produtor com o aumento da produtividade através de tecnologias mais avançadas”, avalia o diretor da ABAM.
Questionado sobre os principais gargalos do setor (aumento da produtividade, mecanização da colheita e sustentabilidade da atividade, entre outros), Pierin disse acreditar que os pesquisadores da Embrapa darão respostas às demandas. “Acredito que vão dar, sim, respostas às nossas demandas, assim como a Embrapa fez com outros setores. Hoje há um intercâmbio, uma troca de informações muito grande entre pesquisa, campo e indústria. E isto tem facilitado o trabalho”, analisa.
FUNDO DE APOIO À PESQUISA – Pierin também comentou a criação do fundo de apoio à pesquisa, no âmbito da ABAM e como isso pode impactar as relações com a Embrapa. Ele destacou que a grande vantagem parta a cadeia produtiva é que para acessar a este fundo, os institutos de pesquisas terão que ter projetos que tenham o interesse das indústrias. “Vamos ter uma pesquisa mais direcionada, elas terão um retorno econômico mais rápido”, diz ele.
Considerando a Embrapa como uma das principais parceiras do setor e da ABAM, o agroindustrial diz que o fundo vai robustecer a parceria entre as instituições. “O resultado da pesquisa vai ser de acordo com a demanda”, diz.
Ao final Pierin cumprimentou a Embrapa Mandioca e Fruticultura, lembrando que o aniversário da unidade é uma oportunidade “para reconhecer a importância da pesquisa para o desenvolvimento do agronegócio. E para a cadeia produtiva da mandioca, o comprometimento dos pesquisadores e o fortalecimento da parceria têm sido essencial para o setor. Os desafios são grandes, mas com a Embrapa vamos vencê-los”, arrematou.
EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA – A Embrapa Mandioca e Fruticultura foi instituída oficialmente em 13 de junho de 1975 com o objetivo de executar e coordenar pesquisas para o aumento da produção e da produtividade, a melhoria da qualidade dos produtos, a redução dos custos de produção e a viabilização do aproveitamento de áreas subutilizadas para mandioca e fruteiras tropicais. Passou, assim, a ter uma missão focada em culturas (atualmente mandioca, citros, abacaxi, banana, mamão e maracujá) e com abrangência nacional.
Ocupa uma área de 260 hectares no município de Cruz das Almas (Recôncavo da Bahia) e dispõe de moderna infraestrutura que inclui 16 laboratórios, casas de vegetação, estufas, telados, biblioteca, centro de treinamento de mandioca e campos experimentais com nove coleções de espécies e variedades de mandioca e fruteiras, compostas por mais de quatro mil acessos. Conta com 183 empregados, sendo 65 pesquisadores. Na área de suporte à pesquisa, são 45 analistas, com formação universitária, alguns com pós-graduação, 30 técnicos e 43 assistentes em laboratórios, campo experimental e setores administrativos.