O Grupo de Trabalho (GT) que atua na criação de uma colhedeira de mandioca vai mudar o escopo da proposta inicial para dar mais agilidade e baratear os custos do projeto de pesquisa. A proposta de mudança foi feita na última reunião conjunta da ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca) e SIMP (Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná), duas das três entidades que estão financiando os trabalhos.
A proposta de mudança, aprovada pelos agroindustriais, foi apresentada na reunião pelo analista da Embrapa, Daniel Portioli Sampaio, representando o GT. Ele detalha que a proposta inicial era desenvolver um projeto de um novo conceito de colhedora de mandioca. Para isso, o projeto seguiria todas as etapas. “Com o planejamento das atividades, verificamos restrições, por questões financeiras e tempo, pois a colhedora se trata de um sistema complexo”.
Segundo Portioli, as ações se concentrarão no estudo e documentação da colheita mecanizada de mandioca. O grupo vai continuar com o levantamento e compilação de informação de máquinas e do processo de colheita de forma estruturada, “mas as fases de conceituação e projeto de máquinas serão alteradas para a elaboração de metodologia de testes, ensaios e avaliação de protótipos. Busca-se, com a revisão, mensurar as limitações do processo de colheita, identificação de gargalos e oportunidade do desenvolvimento de máquinas e equipamentos”.
A nova proposta poderá abrir as portas para a iniciativa privada nesse processo. Isto porque, apesar da modificação do escopo, o problema inicial permanece: ainda não existe uma solução definitiva para colheita mecanizada de mandioca. “Nesse sentido, o GT está tentando encontrar maneiras de estimular o desenvolvimento do equipamento, que é de interesse de toda a cadeia produtiva. As mudanças do escopo visam modificar a perspectiva das avaliações técnicas, ou seja, a ideia seria que o GT trabalhasse no registro das lições aprendidas ao longo tempo, além de avaliações de novas tentativas, mas não no desenvolvimento do produto diretamente”, esclarece.
O analista considera que que “muitos protótipos foram explorados pela iniciativa privada, entretanto ainda não temos um real conhecimento de onde, no processo de colheita, as tentativas não obtiveram o rendimento desejado, e quais seriam as razões para isso, sejam eles relacionados a estrutura e composição dos equipamentos, ao comportamento da operação de colheita ou requisitos não atendidos. Acredito que o GT pode contribuir nesse sentido, tanto a iniciativa privada como academia, na identificação de pontos chaves de desenvolvimento”.
De acordo com o engenheiro mecânico, o GT deve se reunir em breve para fazer a revisão do plano de trabalho, com a proposição de um novo cronograma e mudanças nas atividades, com possibilidades reais de redução de prazo dos trabalhos. O prazo inicial de três anos vinha incomodando o setor.
O GT Colhedeira de Mandioca foi instituído no âmbito da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Mandioca e Derivados do Ministério da Agricultura e vem trabalhando desde o ano passado, quando foram feitos a proposta inicial de trabalho e o orçamento para se chegar a um modelo de máquina. ABAM, SIMP e ATIMOP (Associação Técnica das Indústrias de Mandioca do Oeste do Paraná) financiam o projeto. Fazem parte do grupo universidades, institutos de pesquisa e indústria de alimentos. Nos próximos dias, após a revisão do plano de trabalho, estas instituições estarão assinando convênio, que permitirá, por exemplo, contratação de estagiários dedicados ao projeto, visitas às regiões produtoras, desenvolvedores de equipamentos, entre outras atividades.
Daniel Portioli tem mestrado em Engenharia Mecânica e desde 2010 executa atividades na área de desenvolvimento de projetos de máquinas e implementos agrícolas na Embrapa Instrumentação. Há um ano, passou também a supervisionar o setor de campos experimentais da unidade em que atua.