Uma experiência bem-sucedida está sendo realizada nas lavouras de mandioca da Fazenda Rio de Areia, no município de Laje, no Recôncavo Baiano. Lá a parte aérea está sendo aproveitada para fazer silagem para alimentação animal e os primeiros dados consolidados mostram que o lucro líquido obtido com o produto cobre mais da metade dos custos de formação da lavoura na região.
A propriedade onde a experiência está sendo realizada está arrendada para a Podium Alimentos, que possui uma filial em Laje, chamada de Podium Nordeste. O gerente agrícola Manoel dos Santos de Oliveira Filho conta que, para não impactar no rendimento da raiz, a poda para fazer a silagem é feita uma semana antes da colheita. Um parceiro leva a ensiladeira ao campo, que tritura folhas e ramas, jogando-as na carroceria de um caminhão pequeno. Depois elas são acondicionadas em sacos plásticos de 30 quilos. O preço é de R$ 10,00 por saca, mas já há uma tendência de preços maiores.
“No começo, falávamos em três a cinco toneladas de silagem por hectare. Mas quando os dados foram consolidados, verificamos que a produtividade chega a 10 toneladas por hectare. A grosso modo, praticamente paga os custos de formação ficando o resultado da raiz livre para o bolso do produtor”, calcula Oliveira Filho.
Pelas contas do agrônomo, a produção da silagem, com 27% de proteína, uma opção de volumoso para a pecuária, rende cerca de R$ 300,00 por tonelada. “Livrando os custos de produção deve sobrar líquido cerca de R$ 100,00” para o produtor.
Nos cálculos iniciais imaginava-se que a renda oriunda da silagem seria como se o hectare produzisse algo em torno de 18,5 toneladas de raiz contra uma média de 17 ton/ha. Mas a consolidação dos dados mostrou que o dinheiro com o aproveitamento da parte aérea da mandioca equivale a uma produção média de 26 ton/ha. “É um bom ganho. É o equivalente a aumentar a produtividade em nove toneladas de mandioca por hectare”, diz Oliveira Filho
A Fazenda Rio de Areia é a maior entre as sete herdadas (duas próprias e cinco arrendadas) pela Podium quando adquiriu a Bahiamidos, uma fecularia que está produzindo fécula natural e amidos para molhos e bebidas lácteas. Ela tem 563 hectares dos quais 415 hectares estão plantadas com mandioca. “A princípio estamos fazendo a silagem só na Fazenda Rio de Areia por conta do nosso fluxo de colheita. Mas o processo vai estender para todas”, diz Manoel Oliveira.
Na região do Recôncavo Baiano as chuvas são regulares (nos últimos dois anos a região sofre com excesso de chuvas) e a colheita é feita de 10 a 12 meses após plantio. Os produtores usam variedades desenvolvidas pela Embrapa para a região. Elas são conhecidas como BRS Poti branca, BRS Novo horizonte (nomeada em homenagem a fazenda sede da empresa) e a BRS Kiriris.