Com experiência em produção de fécula de mandioca desde 2012 quando começou a prestar assessoria nesta área, o engenheiro químico Gledson Pacheco passou este ano da condição de gestor da CM3 para proprietário de fecularia. Junto com ele nesta empreitada entrou outro egresso da mesma empresa, Fernando Argondizo, com experiência na área de comércio exterior. Juntos, eles adquiriram a Amido Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, que adotava o nome comercial de Uheti Alimentos e a batizaram de BRC Starch.
“Quando estava na CM3 visitei a indústria em Ponta Porã. É uma indústria moderna, com equipamentos novos. Mas a localização dela era numa área desconhecida para mim, na fronteira com o Paraguai. Quando a CM3 foi vendida conversei com o Fernando, que já trabalhou na Pilão, no Paraguai, para ser sócio e este problema foi sanado. Assim o negócio se viabilizou”, contou Pacheco. Para contribuir, a indústria tinha entre seus colaboradores Robson Toledo, que já atuou em empresas do ramo na região de Paranavaí.
Foi o próprio engenheiro químico que trouxe Argondizo para a CM3. “Tínhamos dificuldades em vender fécula para o mercado externo. Depois que o Fernando entrou passamos a vender para 16 países na América do Sul, México, Estados Unidos entre outros países. Agora vamos usar esta experiência a nosso favor”, programa ele.
PRODUÇÃO PRÓPRIA – Ponta Porã, onde está a sede da BRC Starch, tem mais de 93 mil habitantes e está “dentro” da cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, com mais de 130 mil habitantes. A fecularia fica próximo a grandes assentamentos, que produzem prioritariamente mandioca.
A empresa vai estimular – e já está até contratando um agrônomo para dar assessoria técnica-agronômica – novos plantios, com mais técnica, variedades adequadas à industrialização, mais produtivas e mais resistentes a pragas e doenças e com maior teor de amido.
E para dar o exemplo, a própria empresa vai plantar mandioca no ano que vem. Nesta primeira fase deverá ser uma lavoura de 400 hectares. Além disso, a proposta é realizar Dias de Campo, atraindo os assentados para capacitá-los a produzir melhor e ter maior rendimento, estimulando a atividade. Neste momento não há ramas para isso. Mas os empresários acreditam que em breve este problema estará superado.
Mas as prioridades da BRC Starch vão além de produção própria de matéria-prima e de estimular a mandiocultura. A fecularia tem capacidade de processar 200 toneladas de mandioca por dia, mas vem operando com 40% de sua capacidade. Além de acabar com a ociosidade na indústria, Pacheco e Argondizo têm mais planos: o primeiro deles é produzir amidos modificados para agregar valor e a segunda é ampliar as exportações. “Exportar é burocrático, melindroso e por isso muitas indústrias deixam de buscar o mercado externo. Mas nós queremos conquistar este mercado. Em setembro fomos a segunda maior exportadora de fécula de mandioca do Mato Grosso do Sul. Este mês de outubro, queremos ser tornar na maior. E para o ano que vem a meta é ficar entre as quatro maiores exportadoras de fécula de mandioca do Brasil”, sublinha Argondizo.
Além da própria produção, a BRC Starch avalia comprar fécula nativa para fazer modificados e ampliar o mercado externo. “Tem espaço para isso”, garante Pacheco.