O pesquisador Mário Takahashi, do Polo de Pesquisa do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná) de Paranavaí, vai falar sobre as possíveis causas do baixo rendimento industrial das lavouras de mandioca na próxima reunião da ABAM (Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca), que acontecerá nesta sexta-feira, dia 28, a partir das 9 horas. O encontro será por videoconferência.
O assunto tem sido debatido entre produtores e industriais da cadeia produtiva de mandioca, pois o baixo rendimento compromete a remuneração do agricultor e a qualidade da fécula e principalmente farinha e a operacionalização das indústrias.
O rendimento ideal é acima de 600 gramas, mas industriais têm relatado que tem recebido raízes com produtividade de até menos de 300 gramas.
Em entrevista ao site do SIMP (Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná), cujos associados também estão preocupados com a situação, Takahashi disse que nesta época a renda não é alta por conta da “translocação da reserva das raízes (basicamente amido) para a parte aérea. O amido armazenado nas raízes é transformado em açucares que é energia para recomposição da parte aérea. O amido uma vez translocado não retornará para o mesmo lugar nas raízes e sim na parte mais externa dela. Em períodos de estiagem, esta translocação poderá ser mais intensa e com isso as raízes poderão tornar-se ‘isoporizadas’, principalmente no seu miolo”.
Outros fatores, como o ataque de pragas e doenças, podem reduzir o rendimento, segundo o pesquisador. “Ataques de mandarová forçam a planta a recompor a parte aérea com o uso de reservas das raízes. A mosca branca suga a seiva da planta que deveria estar sendo armazenada nas raízes. Doenças foliares como é o caso da bacteriose e cercoporiose derrubam as folhas ocasionando também deslocamento das reservas das raízes para a parte aérea”, aponta ele.
Takahashi observa ainda que as lavouras foram atingidas no ano passado por geadas, queimando as plantas que rebrotaram mais de uma vez. “As geadas chegaram a matar a parte da planta acima do solo, obrigando a brotação vir da cepa, com maior gasto de reservas das raízes”, explica o especialista.
Além do baixo rendimento da mandioca, durante a reunião da ABAM serão discutidos ainda assuntos relacionados a mercado e outros de interesse geral da categoria.