Em mais uma edição do Show Rural Coopavel, que está acontecendo esta semana, em Cascavel, a Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) marca presença com a apresentação de diversas tecnologias sobre mandioca. Foram instalados experimentos com mandioca (variedades de mesa e para indústria) na vitrine tecnológica do evento, que tem como principal objetivo a difusão de tecnologias voltadas ao aumento de produtividade de pequenas, médias e grandes propriedades rurais. Haverá também lançamento do curso a distância sobre o Reniva (Rede de multiplicação e transferência de manivas-semente de mandioca com qualidade genética e fitossanitária).
A equipe da Unidade será formada pelos pesquisadores Rudiney Ringenberg e Marcelo Romano, que atuam no campo avançado da Embrapa Mandioca e Fruticultura no Centro-Sul do País, localizado na Embrapa Soja (PR), e Ildos Parizotto, analista do Setor de Gestão de Transferência de Tecnologia.
As tecnologias que serão expostas são:
Vitrine tecnológica
BRS CS01 – Lançada em 2016, a BRS CS01 é uma cultivar de mandioca para a indústria, recomendada para as regiões sul/sudeste do Mato Grosso do Sul, noroeste e extremo oeste do Paraná. Nas avaliações, seu grande diferencial ficou por conta das características relacionadas à produtividade. No primeiro ciclo (colheita aos dez meses), a produtividade de raízes foi pelo menos 31% maior que a das variedades tradicionalmente plantadas na região; e no segundo ciclo (colheita aos 18 meses), o aumento registrado girou em torno de 93%.
No que se refere a doenças, a cultivar é semelhante às mais plantadas em relação à bacteriose e antracnose e menos suscetível ao superalongamento. O seu porte é reto, permitindo o plantio mecanizado, e a alta cobertura do solo requer número menor de capinas, havendo diminuição dos custos. Além disso, a BRS CS01 é a primeira variedade de mandioca indicada para o plantio direto, o que agrega sustentabilidade aos sistemas de produção da cultura.
BRS 399 – Lançada em 2015, trata-se de uma cultivar de mandioca de mesa de polpa amarela de alta produtividade, podendo alcançar 70 t/ha. A arquitetura da planta pouco ramificada favorece os tratos culturais. Apresenta moderada resistência à bacteriose e ao superalongamento. Em função da precocidade, a BRS 399 deve ser colhida preferencialmente de 8 a 12 meses após o plantio.
É recomendada para o Distrito Federal e entorno, bem como para o Paraná e Mato Grosso do Sul, sendo mais indicada para o plantio em solos de média a alta fertilidade. O tempo de cozimento das raízes é reduzido, e a massa tem textura farinácea, sabor característico e ausência de fibras, características culinárias consideradas positivas. Essa cultivar foi selecionada a partir de uma coleção de híbridos da Embrapa Cerrados (DF).
BRS 420 – Lançada em 2020, essa cultivar também foi selecionada de uma coleção de clones da Embrapa Cerrados e avaliada por vários anos nos principais polos de produção do Paraná e Mato Grosso do Sul pela equipe da Embrapa Mandioca e Fruticultura. A BRS 420 é uma cultivar de mandioca para uso industrial, com aptidão para uso no plantio direto.
Apresenta expressiva superioridade às variedades mais utilizadas nessas regiões quanto à produtividade de raízes e amido, tanto no primeiro quanto no segundo ciclo. Além de possuir resistência moderada à bacteriose, superalongamento e antracnose, apresenta porte reto, que favorece os tratos culturais, a colheita e a produção de ramas para o plantio.
Unidade didática agroecológica
Sistema de plantio em fileira dupla – Esse sistema tem muito a contribuir para a agricultura familiar, principalmente a agroecológica, já que o princípio é a diversificação de cultura na mesma área, aumentando o equilíbrio do ambiente, produtividade e rendimento para o produtor. O plantio da mandioca em fileiras duplas é realizado da seguinte forma: duas fileiras de mandioca espaçadas de 0,50 m, onde as plantas na fileira também são espaçadas de 0,50 m; e, entre uma fileira dupla e outra, o espaçamento é de 2,00 m.
No intervalo de 2,00 m, podem ser utilizadas culturas intercalares, como milho, feijão ou adubação verde. A vantagem é que, além de proporcionar renda com a cultura intercalar, há benefícios para a cultura principal, já que impede o surgimento de plantas infestantes e erosão do solo enquanto a mandioca não cobre a área. Esse sistema pode ser utilizado tanto com mandioca de mesa quanto para a indústria.
Casa da Embrapa
Rede Reniva – A muda ou semente de qualidade é principal insumo agrícola para a sustentação da produção, quando se visa alcançar níveis ótimos de produtividade e longevidade da cultura. A Rede de multiplicação e transferência de manivas-semente de mandioca com qualidade genética e fitossanitária, voltada tanto para pequenos agricultores familiares quanto para os grandes agricultores das principais regiões produtoras de mandioca em todo o território nacional, tem por objetivo promover efetivo ganho de qualidade e produtividade no sistema de produção de mandioca, ao proporcionar maior sustentabilidade e competitividade para esta cultura e disponibilizar manivas em quantidade suficiente e nos períodos de maiores demandas.
Será apresentada publicação em formato de cartilha, que trata do sistema de produção e do manejo de campos de produção de material propagativo de mandioca, sendo documento orientador para aqueles que se propõem a atuar como “maniveiros”, novos agentes que priorizam a produção desses materiais com a qualidade desejável.
Show Rural Digital
EAD Introdução às estratégias de produção de materiais de plantio de mandioca – Reniva – Com carga horária de 30 horas, o EAD, que será disponibilizado na plataforma de cursos a distância da Embrapa (e-Campo), será lançado durante o evento e divide-se em quatro módulos, tratando dos temas: produção de materiais de plantio de mandioca; alternativas técnicas de multiplicação de material de plantio; sanidade e manejo agronômico na cultura; e estruturação e registros da Rede Reniva.
Ao final do curso, os participantes deverão compreender os princípios norteadores da Rede Reniva necessários para produzir materiais de plantio de mandioca em larga escala, livres de pragas e doenças e com comprovada identidade genética, verificando seu potencial como agentes da rede.