Em algumas regiões, tem sido menor a disponibilidade de lavouras de 2º ciclo, ao mesmo tempo em que produtores continuam postergando a colheita em lavouras mais novas, sobretudo em razão da menor produtividade agrícola. Outros agricultores passaram a dar prioridade as atividades relacionadas ao plantio. Com demanda pela matéria-prima ainda fortalecida, muitas empresas tiveram dificuldades em se abastecer, passando a adquirir raízes em regiões mais distantes. Outras já apontaram diminuição nos agendamentos de entrega nas próximas semanas.
De acordo com estimativas do Cepea, entre 23 e 27 de maio, o volume de esmagamento das fecularias deve totalizar 603,3 mil toneladas, 2,3% menor que o apurado na semana anterior. Ainda assim, no acumulado de maio, a moagem cresceu expressivos 40%. Quanto ao teor de amido, aumentou 1,2% na semana, para 523,04 gramas (balança hidrostática de 5 kg), o maior desde outubro do ano passado.
No geral, a oferta esteve ajustada à demanda industrial, e os preços voltaram a sinalizar elevações. Na semana, a média nominal a prazo da tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 834,52 (R$ 1,4513 por grama de amido), alta de 0,45% na comparação com o período anterior. No mês, o preço médio ficou 1,7% acima do de abril.
No noroeste paranaense, a maior parte das lavouras de segundo ciclo já foi colhida, e as disponíveis devem atender ao mercado pelos próximos 40 dias, segundo agentes consultados pelo Cepea. Produtores estão avançando com o plantio, em detrimento da colheita. Também há poucas lavouras prontas para colheita no extremo-oeste do Paraná, levando fecularias a se abastecerem em áreas mais distantes. Já no centro-oeste do estado, produtores com áreas arrendadas a liberar avançaram com a colheita; no entanto, a quantidade ofertada à indústria local continuou abaixo das expectativas para o período, considerado de safra. No Paraná, o preço médio subiu 0,3% na semana, para R$ 855,20/t (R$ 1,4873 por grama de amido).
Para este ano, a Secretaria de Agricultura e do Abastecimento (Seab/Deral) estima que a área disponível com mandioca no Paraná seja de 129,5 mil hectares, 3% menor que na temporada anterior. Na mesma comparação, a produtividade agrícola deve recuar 4%, para 22 t/ha. Assim, a produção paranaense deve totalizar 2,86 milhões de toneladas, 6% abaixo do observado na safra 2020/21. Destacam-se as quedas de 22% no oeste e de 10% no noroeste do estado, onde se concentram as maiores capacidades instaladas para a produção de fécula.
Até maio, 38% da mandioca do Paraná foi colhida, dos quais 40% foram comercializados – os maiores percentuais para o período desde a safra 2016/2017. Este cenário está atrelado às quedas nas áreas cultivadas nas duas últimas safras.
Em Mato Grosso do Sul, produtores não têm tem interesse pela entrega de raízes mais novas, e as lavouras de mandioca de segundo ciclo estão terminando. Outros mandiocultores avançaram no cultivo ou na separação de maniva, para se precaverem de possíveis geadas ao longo do inverno. Com oferta limitada, a média semanal subiu ligeiro 0,2% em MS, para R$ 821,25/t (R$ 1,4283 por grama de amido).
Para liberar áreas, principalmente de arrendamentos a vencer, ou para o cultivo da safra 2022/23, produtores do oeste do estado de São Paulo avançaram com a colheita. A demanda industrial, por sua vez, seguiu enfraquecida, principalmente pelas farinheiras. Como resultado, a média regional recuou 1,2%, para R$ 768,59/t (R$ 1,3367 por grama de amido).
Com as boas condições climáticas, os trabalhos no campo devem seguir avançando. Agentes da indústria de fécula têm expectativa de restrição de oferta ao longo do segundo semestre, o que pode continuar elevando os preços.
FÉCULA – Apesar da maior movimentação no mercado de fécula nesta semana, compradores continuaram postergando as aquisições, e poucos negócios foram efetivados. Diante disso, houve apenas ligeira queda de 1,9% nos estoques de fecularias e modificadoras.
A maior parte dos volumes comercializados destinou-se à indústria de massas e panificação e atacadistas. Fecularias e modificadoras de amidos voltaram ao mercado, mas adquiriram pequenos lotes a valores mais baixos.
Na semana, o preço a prazo da tonelada de fécula (FOB fecularia) foi de R$ 4.604,24 (R$ 115,11 por saca de 25 kg), estabilidade frente ao período anterior. A média nominal de maio subiu 1,8% em relação à de abril.
No Paraná, poucos negócios foram efetivados, a maior parte entre as próprias fecularias. Os segmentos industriais indicaram que as aquisições podem ser retomadas, dependendo do comportamento dos preços nos próximos períodos. A média semanal no estado subiu 0,5%, para R$ 4.639,62/t (R$ 115,99 por saca de 25 kg).
No extremo-sul de Mato Grosso do Sul, apenas negócios pontuais foram realizados para atender modificadoras de amidos e atacadistas. No sudeste do estado, o volume comercializado foi um pouco mais elevado, especialmente para atender algumas fecularias paranaenses. O preço médio para semanal em MS foi de R$ 4.551,98/t (R$ 113,80 por saca de 25 kg, queda de 0,8%.
Os volumes negociados pelas fecularias do oeste do estado de São Paulo foram baixos, destinados principalmente a frigoríficos e atacadistas. O valor médio semanal recuou 0,6%, para R$ 4.518,06/t (R$ 112,95 por saca de 25 kg). O cenário geral de baixa liquidez resulta principalmente da expectativa baixista de parte dos compradores, principalmente de segmentos ligados ao varejo. Muitas fecularias continuam com a estratégia de aumentar os estoques, principalmente para atender ao mercado na segunda metade deste ano.
O preço da fécula tailandesa para exportação foi de US$ 535,00/t (FOB aduana de origem) nesta semana, avanço de 1,9%, a sexta alta consecutiva. Este valor supera em 10,3% o de igual período de 2021, de acordo com o Thai Tapioca Starch Association (TTSA). (Fonte: Cepea)