A mecanização da colheita da mandioca é um processo que deve ser pensado desde o plantio. Isto porque, a única colheitadeira disponível no mercado atualmente exige um padrão de lavoura. “A preocupação tem que vir bem antes da colheita”, alertou o professor Emerson Fey, durante palestra na reunião da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (ABAM), na sexta-feira última.
A própria indústria já havia alertado da necessidade de um padrão, desde a forma de plantio, a necessidade de a lavoura estar limpa na hora da colheita e espaçamento adequado, já que a equipamento trabalha com duas linhas.
Fey é professor do campus de Marechal Cândido Rondon da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) e especialista em mecanização agrícola. É o coordenador do Grupo de Trabalho para desenvolver projeto de uma colheita de mandioca. O GT foi criado no âmbito da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Mandioca e Derivados do Ministério da Agricultura. Na ABAM ele apresentou o resultado de uma avaliação feita em julho da Colheitadeira Maná.
A Maná foi lançada em fevereiro deste ano durante o Show Rural de Cascavel. O equipamento foi apresentado em dias de campo realizados no Paraná e Mato Grosso do Sul. Em Marechal Rondon foi feita a avaliação do equipamento numa lavoura do campo experimental da Atimop/IDR, numa lavoura da variedade Paraguainha, plantada pelo sistema convencional.
A metodologia utilizada levantou a velocidade de colheita, perdas invisíveis (PINV), perdas visíveis grandes (PVG), perdas visíveis pequenas (PVP), perdas nas cepas sobre o solo (PCS), perdas nas cepas separadas na máquina (PCM), perdas de raízes em plantas não arrancadas (PRP) e as impurezas separadas na máquina (IMP_M). Foi avaliado ainda, para ter maior precisão das perdas, a população de plantas, o número de caules (ramas) por planta e a produtividade.
Além do tratorista, o processo ocupa duas pessoas na colheitadeira e outras duas pessoas “repassando” o que ficou para trás, ou seja, aquilo que Fey chama de perdas recuperáveis.
O estudo apontou que, considerando a raiz colhida pela máquina e a recuperada manualmente, as perdas são de 10,8% um índice tolerável, já que na colheita manual a estimativa é de que índice semelhante é perdido.
Fey informou que a máquina será submetida a novas avaliações e em situações diferentes, como variedade, plantio direto, desempenho nas lavouras de um ciclo e de dois ciclos. “A indústria está aberta a conversações”, diz o professor
GT COLHEDEIRA – No início de sua apresentação, Emerson Fey fez um relato dos trabalhos do GT, criado em 2020 em atenção a pedido da ABAM, Atimop (Associação Técnica Industrial de Mandioca) e SIMP (Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná. A proposta inicial era desenvolver um projeto. Para agilizar, seriam avaliados, separadamente, os módulos (afofamento, arranquio, despinicamento e transbordo) de protótipos e de máquinas que chegaram a ser lançada no mercado, mas não prosperaram, para ver o que deu certo e o que deu errado em cada uma das máquinas.
Mas, no meio do processo a Inroda lançou a Maná, que, na avaliação de técnicos atende à demanda. Segundo a indústria, já foram comercializadas 14 máquinas, três delas foram entregues e está em operação no Estado de São Paulo, duas serão entregues em novembro e a ideia é finalizar as entregas no começo de 2023. A empresa passa por adequações em sua linha de produção para agilizar as entregas e aumentar a capacidade de produção.
O GT Colhedeira de Mandioca vai se empenhar agora em avaliar mais detalhadamente o desempenho da máquina. “A Inroda está aberta e disposta a fazer mais avaliações”, disse o professor Emerson Fey.