A colheita da mandioca é predominantemente semimecanizada nos estados da região Centro Sul do Brasil, o que demanda muito trabalho manual, que é “penoso e de baixo rendimento”. Para o desenvolvimento da cadeia produtiva da raiz é necessário criar as condições e equipamentos para que o sistema de colheita possa ser integralmente mecanizado.
É o que assinala o documento entregue ao chefe da unidade de Mandioca e Fruticultura da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Alberto Duarte Vilarinhos, assinado pelos presidentes da ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), Valter de Moura Carloto, ATIMOP (Associação Técnica das Indústrias de Mandioca), Nilto Cerny, e do SIMP (Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná), Guido Bankhardt. A entrega aconteceu na semana passada no estande da Embrapa no Show Rural Coopavel, em Cascavel, onde a empresa lançou uma nova variedade de mandioca, a BRS 420.
“É consenso em nosso setor que o desinteresse e o insucesso no desenvolvimento de equipamentos adequados à colheita é um sério entrave ao desenvolvimento, sustentabilidade e competitividade da mandiocultura”, registram os representantes das entidades subscritoras.
O documento assinala que, no que se refere às condições, diversas iniciativas já foram tomadas por entidades do setor – e houve avanços – estabelecendo sistemas de produção e a obtenção de variedades produtivas e adaptadas à colheita mecânica. “É necessário, porém, retomar arranjos para viabilizar uma colhedora de raízes de mandioca com o nível de desempenho dos equipamentos utilizados para outras culturas”, afirmam os presidentes.
No ofício, os representantes da ABAM, SIMP e ATIMOP pedem o apoio de Vilarinhos para “articular nas instâncias internas da Embrapa, os entendimento necessários à retomada de projetos em cooperação com o setor privado, buscando inovação aberta para o desenvolvimento e validação do conjunto que envolve a colhedora e os sistemas de produção ajustados ao uso da mecanização na colheita de raízes. Por isso sabemos que é importante mobilizar e motivar as unidades desta empresa que possam contribuir na empreitada, atuando em sinergia.”.
Questionado sobre o assunto, Vilarinhos disse que a variedade BRS 420 já tem “o que a gente chama de arquitetura de planta, que é uma estrutura física que facilita a colheita mecânica. É importante casar estas necessidades. As variedades não podem só ser produtiva e ter maior teor de amido, é preciso que tenha também uma estrutura que facilite a mecanização, para dar um salto de escala e ter condições de competir com as commodities de forma verdadeira”.
Ele explicou que há um setor de engenharia na Embrapa que “pode ajudar a resolver esses gargalos que ainda existem para as colheitadeiras de mandioca, que não são 100% efetiva”. Citou que a demanda da cadeia produtiva para viabilizar a parceria com a Embrapa Instrumentalização, que fica em São Carlos (SP), será encaminhada. Se comprometeu a falar diretamente com o chefe geral da unidade, João Mendonça Naime, “para estabelecer a parceria e conseguir finalmente desenvolver uma equipamento para colheita de mandioca mecânica de alto rendimento”.
MATERIAL PROPAGATIVO – No mesmo documento entregue a Vilarinhos, os representes das entidades solicitaram atenção à questão a produção de material propagativo. Eles pleiteiam a instalação de um novo laboratório de análises para agilizar a produção do referido material.
Citaram que o setor reconhece a importância e a necessidade de restabelecer sistemas de qualidade para a produção do material propagativo. Lembram, no entanto, que a realização de análises de indexação para as viroses do mosaico comum e das nervuras sem constituem um entrave atualmente. “A atual dificuldade de logística inibe o uso da ferramenta com a velocidade e intensidade desejáveis, em todas as etapas de produção, desde os materiais genéticos básicos até o controle de qualidade da produção comercial dos licenciados”.
Os líderes classistas informam que têm consciência de que as unidades da Embrapa de Mandiocultura e Agropecuária Oeste estão buscando entendimento nesta área. “Está estabelecida, portanto, a oportunidade de implantar e operacionalizar um laboratório de virologia em Dourados, com capacidade para atender estas demandas, oferecendo logística muito superior à única opção atual que é a Universidade de Lavras. É importante salientar que a nova logística favorecerá a maior precisão dos resultados, dada a melhor condição das amostras na chegada ao laboratório”.
O documento destaca, ainda que o novo laboratório garantiria ganho de eficiência da administração dos testes, “uma vez que as rotinas e épocas de amostragem poderão ser melhor estabelecidas, tornando mais corrente o uso da ferramenta. Cumpre lembrar que há outras ameaças bióticas que podem se tornar importantes, a exemplo do couro de sapo, que demandará soluções da pesquisa e cuja mitigação, provavelmente passará por processos de indexação”.