A Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca (ABAM) decidiu, em sua última reunião, criar um fundo para investir em pesquisas que beneficiem a cadeia produtiva da mandioca. Embora o assunto volte à pauta da próxima reunião, para definir detalhes sobre o formato deste mecanismo, o presidente da entidade, Valter de Moura Carloto, orientou os associados que, caso queiram iniciar de imediato o recolhimento, que o façam ao Fundeman (Fundo de Desenvolvimento da Mandioca), criado no âmbito do Centro Tecnológico de Mandioca (Cetem).
A reunião foi realizada por videoconferência na manhã da última sexta-feira, dia 26. O encontro foi conjunto entre associados da ABAM e do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (SIMP)
A decisão de criação do fundo foi tomada após a apresentação do diretor técnico do Cetem, Claodemir Grolli, de como funciona o Fundeman, a forma de captação de recursos e como eles podem ser usados. Ele apontou que “os recursos públicos para pesquisa estão cada vez mais escassos. A fonte secou”. Segundo ele, o fundo poderá contribuir, por exemplo, com as pesquisas para o desenvolvimento de uma colheitadeira de mandioca, aprimoramento do sistema de plantio direto, novas variedades e patrocinar eventos como Dias de Campo, cursos, seminários etc.
O modelo adotado pela Fundeman e que deve ser seguido na ABAM, considera, para definir o valor do recolhimento, 0,05% para o produtor e 0,05% sobre a venda da raiz. Para se ter uma ideia, nos preços atuais, a cada tonelada de mandioca comercializada seria recolhido algo em torno R$ 0,40, sendo metade pela indústria e metade pelo produtor. A indústria, devidamente autorizada pelo produtor, faria a retenção dos valores e se encarregaria de fazer o recolhimento integral ao fundo.
Outras fontes de recursos público ou privados podem ser obtidos com apresentação de projetos; contribuição de empresas fornecedores de insumos para a cadeira produtiva de mandioca e através da comercialização de tecnologias e patentes desenvolvidas com recursos do Fundo.
O Fundeman tem em seu Conselho Gestor representantes da indústria e dos produtores e os recursos só podem ser liberados se o projeto for aprovado por unanimidade. “É uma forma de blindar o fundo e direcioná-lo exatamente parra as necessidades do setor”, justificou Grolli.
Sobre o Fundeman criado pelo Cetem, ele revelou que apenas uma empresa aderiu ao fundo, a Podium Alimentos. Ainda assim, entre 2015 e 2020 foram arrecadados R$ 179.731,82. “Imaginem se fosse dez empresas? Seria 1,79 milhão”, disse o diretor do Cetem.
De acordo com o levantamento apresentado durante a reunião, quase 450 produtores participaram do processo de capitalização do Fundeman. Eles autorizaram através de documento a retenção de 0,05% do valor líquido (já descontado Funrural) e sua doação, pela empresa, para o fundo especificado.
Nas discussões que se seguiram. Os industriais lembraram que se houver uma grande adesão do setor, a arrecadação anual pode chegar a R$ 1 milhão, que seria destinado às pesquisas. Uma das sugestões foi também usar o recurso no processo de limpeza viral das manivas e sua distribuição aos produtores.
O presidente da ABAM, Valter Carloto, ao encerrar a discussão sobre o assunto, falou da necessidade de se implementar este fundo e pediu o retorno do tema no próximo encontro para definir detalhes de seu funcionamento.