O principal ingrediente da receita do pão de queijo, o polvilho, subiu de preço nos últimos meses. Segundo um levantamento de dados feito por um fabricante do Sul de Minas, é questão de tempo para chegar no bolso do consumidor.
De acordo com os dados, de janeiro até abril deste ano, o preço do polvilho aumentou cerca de 41,46%. De acordo com o empresário Jhonatan Vilela Ferreira, a saca de 25 kg passou de R$120,17 no início do ano, para R$170 em abril.
“Quando tem um reajuste muito alto desse, a gente precisa repassar para o cliente. É onde o cliente vai sentir na pele e nas gôndolas [de supermercado] esse aumento do produto”, explica o empresário.
O motivo é a baixa produção da matéria-prima, a mandioca. Apesar de estar em plena safra, ter uma boa produção na região, há escassez do tubérculo. Isso tem elevado o preço do produto.
Conceição dos Ouros (MG) é reconhecida como a capital do polvilho. Das 30 fábricas, a da família da Lara Carvalho é uma das mais antigas. Com a alta, foi preciso reduzir a produção diária em 30%.
“Antes da pandemia a gente moía 90 mil kg de mandioca por dia. Hoje, a gente tá conseguindo moer 65 mil kg por dia. Então, essa redução vai vir também para o consumidor, devido a não plantação da mandioca. Vai interferir e a gente sabe que o produto vai ficar em alta no fim do ano”, explica a diretora de vendas, Lara Carvalho.
Segundo o engenheiro de qualidade, Mateus Cassio Gomes de Freitas, o polvilho tem uma rotatividade muito lenta.
“Precisa plantar a mandioca, a mandioca demora 18 meses para ficar pronta para ser colhida e após isso, o polvilho ainda fica 6 meses em fermentação, às vezes até mais. Com isso, o giro é muito devagar, então acaba sentindo uma alteração de peso”.
Há dois anos, Mateus pagava R$250 a cada tonelada de mandioca. No ano passado, esse preço passou para R$400 reais. Hoje, com o frete, já é preciso desembolsar até R$650 reais.
De acordo com o engenheiro de qualidade, o valor pode subir mais, já que a demanda não está acompanhando a oferta.
“Com a menor disponibilidade da matéria-prima e seu encarecimento, vai repercutir a mesma coisa no estoque do polvilho. Consequentemente vai diminuir a disponibilidade e oferta de polvilho no mercado. E consequentemente vai afetar o preço do pão de queijo e do biscoito”. (Do G1- Sul de Minas)