Em audiência com a ministra Tereza Cristina, o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca e Derivados, Osvaldo Zanqueta, pediu o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para o desenvolvimento de uma colheitadeira de mandioca, produção e disponibilização de material propagativo de qualidade genética e fitossanitária e elaboração de estratégias para recuperação de solo, aumento de competitividade e da sustentabilidade dos sistemas de produção.
“Temos vários assuntos que estão sendo encaminhados no MAPA, mas estes três temas são os que no momento mereciam maior atenção. Até porque os outros assuntos prioritários já estão tendo o devido encaminhamento”, assinalou Zanqueta.
A audiência foi realizada na tarde desta quarta-feira (19), através de videoconferência e contou com a participação do consultor técnico da Câmara, Carlos Estevão Leite Cardoso, pesquisador da Embrapa. “Fiquei muito animado e otimista em relação ao apoio do MAPA para o desenvolvimento de uma colheitadeira de mandioca, inclusive com a possibilidade de aporte de recursos financeiros”, adiantou o presidente.
COLHEITADEIRA – À ministra Tereza Cristina, Zanqueta relatou que a Câmara Setorial criou, em maio, um GT (Grupo de Trabalho) para o desenvolvimento de uma colheitadeira de mandioca. O atual sistema, semimecanizado, é caro e responsável por cerca de 30% a 40% destes custos de produção. Este modelo inviabiliza, por exemplo, a conquista do mercado internacional. A colheita automatizada dará condições de o Brasil disputar o mercado mundial de fécula de mandioca. “Hoje não conseguimos competir com a Tailândia e a Indonésia, que tem baixos custos de produção de mandioca”, assinalou o líder classista.
Tereza Cristina orientou que o GT deve continuar em seus trabalhos e quando o processo estiver num estágio mais avançado, ela poderá encaminhar a demanda ao Polo de Inovação e Tecnologia da Agricultura de Campinas ou Londrina, acenando com a possibilidade de realizar um Hackathon – maratona na qual hackers se reúnem por determinado período de tempo para discutir novas ideias e desenvolver soluções para determinados problemas.
MATERIAL PROPAGATIVO – A cadeia produtiva de mandioca tem no MAPA um documento em que elenca as prioridades e as expectativas do setor até 2025. No entanto, as mudanças de governo têm gerado problemas de continuidade nas ações. Por isso, revela Zanqueta, a Câmara Setorial, que participou da elaboração do documento, tem procurado fragmentar alguns assuntos para agilizar o seu encaminhamento.
Foi neste contexto, que o presidente pediu o apoio para a “consolidação e a ampliação da rede de multiplicação e transferência de manivas-semente de mandioca com qualidade genética e fitossanitária”. Ele enfatizou que “novas variedades são fundamentais para minimizar as restrições tecnológicas e também para aproveitar as oportunidades derivadas de novos mercados, considerando-se que, no futuro, as variedades a serem lançadas poderão incorporar características para a produção de amidos de alto valor agregado. Assim, o desenvolvimento de novos genótipos que atendam à demanda dos produtores e da indústria continua a ser de prioridade máxima. No entanto, não basta desenvolver novos genótipos, é necessário que eles sejam disponibilizados e cheguem aos produtores com rapidez e qualidade fitossanitária”.
RECUPERAÇÃO DO SOLO – Sobre a recuperação do solo, aumento da competitividade e da sustentabilidade dos sistemas de produção para a cultura da mandioca, o presidente da Câmara Setorial lembrou que “em muitas regiões do Brasil, a raiz é cultivada em condições de solos frágeis e degradados. Adiciona-se a isso que o manejo do solo ainda é inadequado quanto ao tipo de implementos, profundidade de trabalho, frequência de realização das atividades e condições de umidade, sobretudo nas áreas de maior declividade, ou onde o cultivo da mandioca é feito em sucessivos anos na mesma área”.
Ele citou que o conhecimento de sistemas conservacionistas e a utilização de práticas de manejo para a melhoria das propriedades físicas e químicas dos solos, destinados à cultura “poderão proporcionar a recuperação de solos degradados e o emprego de técnicas que permitam a expansão da cultura em áreas marginais e mesmo o melhor manejo de áreas de cultivo tradicionais a nível familiar e empresarial”.
Neste sentido, a geração de tecnologias e processos que permitam a adoção de um sistema conservacionista pelos produtores de mandioca no Brasil é fundamental para o aumento da produtividade da cultura e a conservação dos recursos solo e água disponíveis para o cultivo. Por isso, foi solicitado ao MAPA a atuação em duas frentes principais: geração e oferta de genótipos adaptados (com qualidade fitossanitária), tanto ao plantio direto como à mecanização da colheita; e ampliação da transferência da tecnologia do plantio direto, e nos ajustes dessa tecnologia para as situações que ainda demandam investimentos na geração do conhecimento.