As chuvas das últimas duas semanas comprometeram a colheita da mandioca nas regiões produtoras do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, reduzindo drasticamente a oferta da raiz. Com isso a grande maioria das indústrias de fécula opera neste período com elevado índice de ociosidade, aumentado os custos de produção.
De acordo com agroindustriais que participaram da reunião da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (ABAM), na noite desta quinta-feira (29) em Maringá, a maioria operou abaixo dos 20% de sua capacidade. Pelo menos uma indústria disse que paralisou temporariamente suas atividades, até a normalização da oferta.
Mas os serviços de meteorologia não trazem boas notícias em relação às colheitas. Isto porque para a próxima semanas a previsão é de mais chuva nas regiões produtoras, o que inviabiliza o arranquio da mandioca.
No encontro da ABAM, os associados lembraram que as altas nos preços da matéria-prima e a impossibilidade de repassa-las no produto industrializado tem castigado o setor. “Estamos produzindo menos, vendendo menos e reduzindo a nossa margem de lucro”, atestou um agroindustrial, lembrando da queda da renda da mandioca, que reduz também o índice de extração nas indústrias.
A redução das vendas não é apenas por conta do preço mais alto. “Está havendo uma inibição do consumo”, explicou o economista Fábio Isaías Felipe, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), instituição ligada à Universidade de São Paulo (USP). Segundo ele, esta redução no consumo é provocada ainda por fatores macroeconômicos. “A inflação está baixando, mas o item alimentação ainda continua em alta”, explicou ele.
Isaías, que participou do encontro a convite da ABAM, falou sobre “mandioca e derivados: conjuntura e fatores relevantes”. Nas suas considerações finais, o economista disse que para o último trimestre do ano a tendência continuará sendo de menor disponibilidade de raiz, queda de produtividade e consumo retraído.
Por outro lado, alguns diretores da ABAM lembraram que, historicamente, outubro é o mês em que a oferta de mandioca é mais reduzida. Segundo o setor, a diferença deste ano é que os problemas comuns do último trimestre poderão ser mais acentuados. Isto ainda é reflexo das condições climáticas desta safra, quando foi registrado longas estiagem e geadas.