Embora órgãos oficiais preveem para este ano uma queda na área de plantio de mandioca no Paraná, líderes do setor começam a acreditar que pode acontecer justamente o contrário: aumentar a área de plantio. Ou, na pior das hipóteses, manter os mesmos números do ano passado.
Na avaliação do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Deral/Seab), a área plantada com mandioca no Estado deve cair em torno de 2,5%, passando de 133 mil hectares para 129,7 mil. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à Universidade de São Paulo (USP) também previu no final do ano passado e início deste a possibilidade e redução de área plantada da raiz.
No entanto, em maio o Cepea começou uma pesquisa com os produtores para identificar a intenção de plantio de mandioca neste ano, bem como alguns indicadores de custo de produção para o período. O pesquisador Fabio Isaias Felipe, admitiu que as primeiras respostas mostram “uma tendência tímida” de aumento de área. Segundo ele, a amostragem disponível ainda não é suficiente para cravar uma resposta. Até agora a tendência é “um aumento pouco expressivo”.
PREÇOS – A possibilidade de a área de plantio de mandioca no Paraná crescer ou, no mínimo, se manter estável em relação ao ano passado, tem uma explicação: nos últimos 15 meses o preço da raiz mais que dobrou, estimulando os produtores a se manter na atividade e até atraindo outros produtores.
Para se ter uma ideia, em março do ano passado o preço médio da mandioca no Paraná era de R$ 0,7294 a grama do amido, equivalente a R$ 419,45 tonelada. Já o preço médio de maio deste ano é de R$ 1,4884/grama ou R$ 855,85/t. Os números são do Cepea.
“A remuneração melhor está estimulando o produtor a investir mais no plantio”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (SIMP), João Eduardo Pasquini. Na avaliação dele, os preços melhores reverteram o quadro previsto entre o final do ano passado e o início deste.
O agroindustrial Ivo Pierin Júnior, também diretor do SIMP, diz que as perspectivas são de crescimento e pela mesma razão: o atual preço da raiz. “Há uma movimentação no setor que aponta a retomada do plantio”, diz, acrescentando que os produtores devem fazer parceria com as indústrias para garantir mercado.
Segundo ele, além dos tradicionais plantadores, o setor pode atrair sojicultores que se frustraram com a safra do ano passado, violentamente prejudicada pela seca, enquanto os mandiocultores, apesar de sentir os efeitos da estiagem, tiveram impacto menor.
Pierin vem difundindo a ideia de que os financiamentos de produtos como soja e milho sejam atrelados ao plantio de mandioca, como uma garantia. “Uma empresa já fez isso no passado e deu certo. A mandioca é mais resistente”, aponta ele.
Já o ex-presidente do Sindicato, Guido Bankhardt não está tão otimista, mas também já afasta a possibilidade de redução de área plantada de mandioca. “Acho que vamos ter a mesma área do ano assado”, diz. Para ele, é preciso esperar até setembro quando começa o plantio da soja para ter uma posição mais clara. “Quem é mandiocultor já plantou. Já os outros vão esperar até setembro para tomar a decisão. Tenho conversado com alguns vendedores de produtos para a mandioca e eles ainda não estão animados não”, conta.
Com um solo arenoso, a região de Paranavaí, maior produtora de mandioca do país para fins industriais, deve reduzir a área de plantio de soja. “Alguns vão ter dificuldade até para fazer o seguro”, estima Bankhardt, que ainda vê possibilidades de pecuaristas também aderirem à mandioca. “Houve um ataque de lagartas que comeu a pastagem. Estes tiveram que arrendar para o plantio de mandioca”, sublinha o industrial. (Do site do SIMP – Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná).