Depois de adquirir a fecularia CM3 em Paranavaí, que entrou na divisão de negócios Lorenz, que adquiriu em 2015, o grupo GTFoods tenciona ter outras duas unidades feculeiras. “Pode ser aquisição de novas plantas ou montagem de novas empresas. O planejamento é, nos próximos três anos, ter mais duas plantas industriais”, informou o gerente corporativo de Novos Negócios do grupo, Aleksandro Barbosa Siqueira. Negócios estão sendo prospectados no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, estados com grande produção de mandioca para fins industriais.
Quando viabilizar as novas unidades, a Lorenz quer processar 32 mil toneladas de mandioca por mês. Atualmente a empresa conta com fecularias em Quatro Pontes (Oeste do Paraná), Cianorte e Paranavaí. Juntas, as três unidades geram cerca de 300 empregos e produzem além da fécula nativa, amido para panificação, molhos, atomatados e polvilho azedo. Vamos diversificar ainda mais em novas aplicações para ter um amido com maior valor agregado”, diz o gerente corporativo.
Quando adquiriu a massa falida da Lorenz, a empresa tinha também uma fecularia em Umuarama e uma fábrica de conservas e molhos em Indaial do Sul (SC), que, “por questões estratégicas”, foram fechadas. Mesmo fechando duas unidades e adquirindo apenas uma, a Lorenz passou de 11 para atuais 18 mil toneladas de mandioca processadas por mês.
A aquisição da centenária Cia Lorenz e as novas aquisições fazem parte da política de diversificação de negócios da GTFoods.
Desde que adquiriu a planta de Paranavaí, que gera 65 empregos e onde está sendo investido R$ 20 milhões na ampliação, aquisição de equipamentos, desenvolvimento de novos produtos e busca de certificações, a unidade ampliou a moagem de raiz de 6 para 8 mil toneladas/mês, com a adoção de novas tecnologias. “A marca CM3 existe e continua operando. Trouxemos tecnologia Lorenz e passamos a produzir produtos que agregam mais valor”, aponta Siqueira.
MERCADO EXTERNO – A Lorenz está exportando para 16 países, especialmente da Europa e das Américas. O mercado externo está no DNA da empresa, que já teve unidades na Argentina e Paraguai. Também já esteve presente em cidades brasileiras como Apucarana, Guarulhos e Blumenau.
Atualmente 80% da produção das unidades industriais da Lorenz destinam-se ao mercado interno e 20% ao mercado internacional. “Quando a empresa foi adquirida a meta era, em cinco anos, metade da produção destinar ao mercado interno e a outra metade para o externo. A proposta de 50% X 50% continua valendo. Ainda faltam três anos para expirar o prazo estabelecido”, diz Aleksandro Siqueira.
Sobre a expansão de empresa num momento em que há perspectiva de redução de oferta de matéria-prima para as indústrias de mandioca, ele revela que a empresa deve investir em lavouras próprias para garantir parcialmente sua demanda. E anuncia que, junto com as instituições de classe, como a ABAM (Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca) e SIMP (Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná), a Lorenz quer estimular o produtor de mandioca a permanecer na atividade e ampliar a área plantada.
Para tanto, a estratégia é usar o mesmo modus operandi das cooperativas agrícolas, oferecendo assistência técnica e parcerias para aquisição de insumos, implementos, herbicidas e até pequenos créditos. “O produtor tem que se sentir acolhido”, ensina. “Ele é um parceiro estratégico e tem que sentir-se assim”, complementa.
Fundada em 1916 pelos irmãos Hans e Fritz Lorenz, a Cia. Lorenz foi uma das primeiras a fabricar fécula de mandioca, matéria-prima para diversos produtos alimentícios e usado na indústria têxtil, de papel, papelão e celulose, nos laboratórios fármacos e cosméticos e até na indústria petrolífera. O uso da mandioca foi uma alternativa na época à falta de fécula de batata, que era então importada da Europa em guerra.
A Lorenz, uma das pioneiras da indústria alimentícia, foi adquirida pela GTFoods em 2015 por R$ 38 milhões. A falência da empresa foi decretada no ano 2000. Mesmo assim, as quatro fábricas da Companhia continuaram ativas. Na época, foi nomeado um síndico para gerir a massa falida até o leilão.