Reunidos nesta quinta-feira (28), diretores e associados da Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca (ABAM) disseram que não estão conseguindo repassar nos produtos industrializados os aumentos de preço da raiz e por isso os valores chegaram ao teto e não há espaço para novas altas. Mas, em contrapartida, também não deve baixar.
Os industriais relataram que a safra 2021/2022 foi bastante atípica. No ano passado, principalmente, foram registrados vários fenômenos climáticos, como geadas, secas, chuvas de granizo etc, que impactaram a cultura da mandioca e reduziram a o teor de amido. “Nunca tivemos um período em que a renda esteve tão baixa”, desabafou o industrial Roland Schurt.
Como o produtor de mandioca é remunerado pelo teor de amido, durante os últimos 12 meses houveram sucessivos aumentos de preços, geralmente semanais. Em 12 meses, de centavo em centavo, o preço da raiz cresceu 89%.
De acordo com os industriais, o preço atual da grama do amido no Paraná (entre R$ 1,62 a R$ 1,67, em média), que é o maior produtor de mandioca para fins industriais, está remunerando bem os produtores. Tanto que, mesmo com a seca das últimas semanas, que dificulta o arranquio, muito deles continuam a colheita para aproveitar o bom preço.
PREÇO ESTABILIZADOS – Nas últimas três semanas diminuiu bastante o ritmo da variação de preços da raiz no mercado paranaense. Uma das principais causas de os preços estarem se mantendo estabilizados é que boa parte das fecularias do Paraná estão sendo abastecidos também com mandioca produzida no Estado de São Paulo – as indústrias que estão localizadas mais próximo da divisa tem comprado também do Mato Grosso do Sul.
O preço em São Paulo é inferior ao praticado no Paraná compensando o frete. Mas este preço menor não significa menor remuneração para o produtor, já que a raiz paulista tem apresentado maior teor de amido em relação ao Paraná. Por tonelada, o preço final acaba sendo o mesmo ou até superior à produção local.
Além disso, “as indústrias sabem que a partir de agosto é normal a queda da renda da mandioca”, como lembrou o diretor da ABAM, João Eduardo Pasquini. Isto provoca queda na remuneração do produtor, e por isso as indústrias não mostram disposição em reduzir o preço da raiz para não desestimular o produtor.
ÁREA MAIOR DE PLANTIO – Por outro lado, contrariando as previsões oficiais, a percepção dos industriais é que a área de plantio de mandioca no Paraná deve crescer para a próxima safra. Vários fatores contribuem para o aumento de plantio: a frustração de safra de grãos, os bons preços praticados no setor (nominalmente, os maiores dos últimos 20 anos) e a perspectiva de novos mercados para a indústria, especialmente o aumento das exportações, recorde no ano passado.
Esta percepção só deverá ser quebrada se a atual estiagem se prolongar, o que alguns, em princípio, descartam já que há previsão de chuvas para as próximas semanas. Se ela se confirmar, deve aumentar o ritmo de plantio e de colheita, já que o solo estará favorável a isso.