O economista Fabio Isaías Felipe, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), instituição ligada à Universidade de São Paulo (USP), apresentou aos associados da ABAM (Associação Brasileiras de Produtores de Amido de Mandioca), números que revelam que a margem de lucro nas indústrias teve significativa redução, especialmente por conta da elevação dos preços da mandioca. Gráficos apresentado por ele indicam que, entre setembro do ano passado a agosto deste ano, nominalmente o preço da raiz cresceu 80,1% enquanto da fécula a elevação foi de 66,4%. Se os valores forem deflacionais, ou seja, se houver cálculo considerando a inflação, a vantagem pró raiz se mantém: 66,1% a elevação do preço da raiz para 53,5% para a fécula.
De outro lado, o economista do Cepea mostrou que as exportações de fécula continuam tendo um bom desempenho, inclusive com preços em elevação. Este ano, até agora, foram comercializadas quase 30 mil toneladas à US$ 790, bem mais que as 22 mil toneladas exportada no mesmo período do ano passado e a um valor médio de US$ 630.
Dureante a reunião mensal da ABAM, realizada na semana passada, o pesquisador falou sobre a redução da oferta de mandioca. Felipe indicou que isto é consequência da redução da área plantada no Brasil, incluindo o Paraná, que é o maior produtor de mandioca para fins industriais, e São Paulo, cujas lavouras vinham abastecendo as indústrias paranaenses. Também houve queda na produtividade.
A diminuição da área plantada de mandioca, segundo o Cepea, é consequência da concorrência com outras atividades, que na safra anterior estava remunerando melhor, a menor rentabilidade e a diminuição na oferta de terras para arrendamento. Já a produtividade caiu por conta dos custos de produção agrícola, menor investimento em tratos culturais, avanço em áreas marginais, a ausência de rotação de culturas e, ainda, por conta de algumas variedades.
QUARTO TRIMESTRE – O Paraná já colheu mais de 70% da mandioca da safra 2021/2022 e depois de várias projeções negativas da área a ser plantada com mandioca, o Departamento de Economia Rural sinalizou que poderá haver um aumento de lavouras para 2023, passando dos atuais 124 mil hectares para 135 mil no Estado. O plantio ainda está em andamento e este número pode se alterar.
Para o quarto trimestre, Fabio Felipe aponta que continuará a menor oferta de raiz para as indústrias, as lavouras continuarão apresentando queda na produtividade e o plantio deve ter sequência.
Para a indústria prevê redução nos estoques, queda de produção e menor comercialização por conta da redução de consumo provocado pela inflação, que continua em alta nos alimentos e bebidas.