A Embrapa Mandioca e Fruticultura está concluindo um questionário para coletar informações que permitirão avaliar a extensão do couro de sapo nas lavouras de mandioca e os danos que a doença vem causando. A informação é do pesquisador Saulo Alves de Oliveira, especialista em fitopatologia. “Face à necessidade identificação das regiões mais afetadas pela doença, bem como os impactos do couro de sapo na produção de mandioca é que a Embrapa Mandioca e Fruticultura está propondo um levantamento sistemático com dados que permitam entender os problemas ocasionados pela doença e propor estratégias de manejo”, diz ele.
O pesquisador esclarece que “em um primeiro momento, consultaremos diferentes atores da cadeia produtiva da mandioca visando identificar a distribuição e possíveis impactos desta doença”. Nos últimos cinco anos aumentou a incidência do couro de sapo na Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná.
O couro de sapo é uma doença cuja etiologia é atribuída ao mesmo tempo a um complexo de espécie de vírus e a um fitoplasma e tem um alto potencial de danos a cultura da mandioca, podendo inviabilizar a produção em toda uma região. “A redução no rendimento pode chegar a 100%”, diz Oliveira.
A doença é difícil de ser detectada pois geralmente os sintomas só aparecem nas raízes, enquanto na maioria das cultivares a parte aérea se mantém intacta. Por isso o produtor só percebe o distúrbio na hora da colheita.
Segundo Saulo Oliveira, nas raízes os sintomas clássicos são espessamento da casca, presença de “sulcos”, dificuldade na retirada da casca e a produção de raízes finas. O couro de sapo chega a ser confundido com outras doenças que causam a podridão da raiz.
O LEVANTAMENTO – Segundo o pesquisador da Embrapa, o questionário será disponibilizado em ferramentas da web. A expectativa é que o levantamento sistemático (por questionário) esteja concluído até fevereiro próximo. “A partir daí vamos realizar um levantamento em nível de campo”, sublinha Oliveira. “Após esse diagnóstico inicial, nós planejaremos atividades de coleta e mapeamento da doença, bem como de mensuração de impacto”, complementa.
Este trabalho será financiado inicialmente para Embrapa com o auxílio do Projeto Reniva (Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária), que visa a produção em larga escala de mudas de mandioca livres de doenças. “A depender dos resultados obtidos, e dos impactos potenciais da doença, nós iremos propor à iniciativa privada projetos que envolvam o manejo dessas doenças e também poderemos buscar recursos em outras fontes de financiamento (nacional e internacional) para garantir as atividades necessárias”, anuncia o pesquisador.
Segundo ele, para as duas etapas do projeto, a de consulta e a de coleta de campo, a Embrapa necessitará do apoio da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Mandioca e Derivados, onde Saulo esteve no final do mês passado fazendo uma exposição sobre o assunto, e da iniciativa privada.
AMÉRICA DO SUL – O couro de sapo é uma doença endêmica da América do Sul e foi detectada primeiramente na Colômbia e em seguida verificou-se a ocorrência no Brasil, nos estados do Norte do país, como Amazonas e Pará. “Acredita-se que essa seja uma doença de ocorrência frequente no Brasil, e que pode estar presente em todas as regiões produtoras, mesmo que em baixa incidência”, acrescenta Saulo Oliveira.
A doença, diz o pesquisador, atinge tanto mandiocas para fins industriais quanto as de mesas (aipins/macaxeiras), e não representa risco à saúde humana. Seu maior impacto é na redução significativa da produtividade de amido das plantas, e dificuldade no descascamento, o que deprecia o produto de interesse.