Introdução
A época de plantio das ramas é um dos principais fatores para garantir uma boa produtividade de raízes de mandioca, independente da variedade ou de qualquer outra prática cultural que possa ser adotada. As melhores épocas de plantio estão intimamente relacionadas à disponibilidade de ramas maduras e de boa qualidade e das condições climáticas que favoreçam uma boa brotação e uma boa formação de raízes. Trabalhos sobre épocas de coleta e de armazenagem de ramas para plantio indicam também que é mais vantajoso armazenar ramas colhidas em melhores épocas e mais maduras, do que deixá-las no campo, já com novas brotações, e cortá-las somente no momento do plantio.
Existem vantagens do plantio antecipado de maio a agosto, que são a menor incidência das plantas daninhas, redução de danos provocados pela erosão e maior controle de pragas e doenças. Outra vantagem significativa para o plantio neste período é a armazenagem das ramas, que quando necessária é realizada por períodos mais curtos. No plantio tardio em outubro e novembro, as manivas brotam mais rapidamente, mas existem melhores condições de propagação de doenças como antracnose, bacteriose e fusariose, além da utilização de ramas mais desidratadas e com menos reservas nutricionais.
Épocas de plantio para a colheita com um ciclo
A colheita com um ciclo compreende lavouras com idade entre 8 a 14 meses. Em uma série de experimentos realizados com relação às melhores épocas de plantio para a colheita com um ciclo no Paraná, as máximas produções foram obtidas no plantio em julho (figura 1). As produções variaram de 17,35 toneladas/hectare em novembro a 32,23 toneladas/hectare em julho, ou seja, uma diferença de 85%. O plantio antecipado em maio não foi satisfatório, embora tenha sido superior ao plantio tardio feito em outubro e em novembro, devido principalmente a disponibilidade de material de plantio maduro neste período.
Épocas de plantio para a colheita com dois ciclos
A colheita com dois ciclos compreende lavouras com idade entre 15 a 24 meses.
Muitos tem em mente que se a lavoura for colhida com dois ciclos, o plantio poderá ser mais tardio, em outubro e novembro por exemplo, sem grandes prejuízos para a produtividade de raízes. Porém, tal fato não foi observado em experimentos semelhantes aos realizados com a colheita em um ciclo, mas colhidos com dois ciclos (figura 2). Na colheita com dois ciclos vegetativos, a máxima produção de raízes também ocorreu no plantio em julho, superior em 42% em relação a novembro. Por estas diferenças na produtividade de raízes, mesmo colhendo-se com dois ciclos, o plantio em épocas mais adequadas também poderá proporcionar melhores produtividades. Assim como para o primeiro ciclo, na colheita com dois ciclos, o plantio em maio se mostrou antecipado, principalmente em função da disponibilidade de material de plantio maduro.
O plantio em épocas mais adequadas pode proporcionar lavouras com um ciclo, mais produtivas do que as plantadas tardiamente e colhidas com dois ciclos.
Nas colheitas seja com um ou dois ciclos, o plantio em julho proporcionou aumento do número de raízes por planta. O número de plantas final não foi estatisticamente afetado pela época de plantio, embora menores falhas tenham sido observadas nos plantios em julho e agosto. Já a renda (rendimento industrial) das raízes variou mais em função do ano agrícola, do que em relação a época de plantio.
Portanto, no Paraná, tanto para colheitas com um ou dois ciclos, os melhores resultados podem ser obtidos com o plantio entre junho e setembro.
O que fazer em anos de geadas mais severas?
O que fazer em anos de ocorrência de geadas, como é o caso do inverno de 2021?
Se a geada ocorrer com a lavoura ainda em pé poderá ocorrer danos as ramas que serão utilizadas para plantio, mas dificilmente matarão as plantas. Dependendo da severidade da geada, as novas brotações poderão sair de seguimentos da planta abaixo da superfície do solo.
Se a geada ocorrer sobre as pilhas de ramas armazenadas a céu aberto, mas que estejam bem protegidas com palhas secas, poderão ocorrer danos, mas provavelmente serão reduzidos. Vale lembrar que esta proteção com palhas terá que cobrir toda a pilha e não somente a parte superior. Com isso, devido a respiração que ocorre pelas ramas, esta naturalmente elevará a temperatura da pilha.
Se a geada ocorrer em lavouras recém brotadas, poderá ocorrer queima dos brotos, mas que dificilmente causarão danos ao enraizamento inicial, desde que as mudas sejam de boa qualidade e vigor. Por fim, poderá ocasionar um ligeiro atraso no desenvolvimento, mas que possivelmente não comprometerá sobremaneira a produtividade.
Bibliografia consultada
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ – IAPAR. Mandioca no Paraná: antes, agora e sempre. Takahashi, M.; Fonseca Junior, N.S; Torrecillas, S.M. (organizadores). Curitiba: IAPAR, ano 2002 (circular técnica 123).
LORENZI, J.O; DIAS, C.A.C. Cultura da mandioca. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Campinas, ano 1993 (boletim técnico 211).
TAKAHASHI, M.; BICUDO, S.J. Épocas de coleta e períodos de armazenagem do material de propagação de mandioca. Scientia Agraria Paranaensis, volume 1, número 2, páginas 43 a -57, ano 2001.