A irregularidade das chuvas no ano agrícola 2019/2020 teve mais impacto sobre as lavouras da mandioca no noroeste do Paraná do que a pandemia do novo coronavírus, a Covid-19. A análise é do presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Mandioca, Osvaldo Zanqueta. Segundo ele, as várias estiagens ocorridas no período, provocaram uma redução de produtividade entre 30 e 40%. “Produtores que colhiam entre 80 e 90 toneladas por alqueire, estão colhendo entre 50 e 60 toneladas na mesma área”, revelou ele.
A região noroeste, polarizada por Paranavaí, é a maior produtora de mandioca do país para fins industriais. O Paraná é responsável por 70% da produção nacional de fécula de mandioca.
Numa análise feita nesta segunda-feira (25), Zanqueta diz que “onde aconteceram algumas pancadas de chuvas, que a gente chama de chuva de manga, a redução da produtividade foi menor, coisa de 20%”.
Além do clima seco, os mandiocultores reclamam da desvalorização da moeda nacional, que promove uma perda de 50% do valor da raiz em comparação contra outras culturas, como soja e milho. As commodities são comercializadas em dólar. “O dólar custava R$ 2,70, hoje está em torno de R$ 5,50”, cita.
Zanqueta diz que o mercado de mandioca chegou ao fim do ano pagando R$ 0,80 por grama do amido de mandioca. A expectativa era de que o mercado abrisse 2021 com o mesmo valor. “Mas já falam em 72 centavos, 74 centavos”, constata ela.
CUSTOS DE PRODUÇÃO – Segundo Zanqueta, os produtores também estão preocupados com os custos de produção que vem subindo. “Alguns insumos sobem na mesma proporção que o preço das commodities”, diz ele, lembrando que a pandemia provocou um aumento no preço da mão-de-obra. “Com o fim do auxílio emergencial os trabalhadores devem voltar para a roça e com mais oferta deve cair o preço da mão-de-obra”, estima ele.
A crise econômica provocada pela pandemia teve um impacto na ponta do consumo. “As casas de pão de queijo tiveram grande impacto. Diria que os setores que mais agregam valor na cadeia produtiva são os que mais sentiram a crise econômica. E esta situação ainda não se normalizou”, analisa.
Osvaldo Zanqueta acredita que com a chegada da vacina contra a Covid o mercado deve reagir. “Mas acho que esta situação ainda vai até o meio do ano”, estima ele.