O economista Lucílio Rogerio Aparecido Alves, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), instituição da Universidade de São Paulo (USP) disse nesta sexta-feira (21) que a conquista do mercado externo é, na sua avaliação, uma das melhores alternativas para ampliar o mercado de fécula e o fortalecimento do setor.
A manifestação foi feita durante a reunião da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (ABAM) realizada na manhã desta sexta-feira por videoconferência. A reunião foi ordinária, mas comemorativa aos 30 anos da ABAM e dela participaram vários convidados de instituições parceiras, como o CEPEA, e co-irmãs.
A manifestação de Lucílio Alves veio ao encontro do desejo manifestado minutos antes pelo presidente da ABAM, Valter de Moura Carloto, que em sua saudação, comemorou os avanços do setor, mas chamou a atenção para os desafios futuros. Em um trecho de seu pronunciamento, ele alertou que as conquistas das últimas três décadas não podem levar as fecularias para a zona de conforto. “Devemos nos inspirar nos exemplos do passado para construir um futuro melhor para o setor”, conclamou.
“Temos grandes desafios pela frente e reputo a mecanização integral da colheita como um dos mais importantes, até como forma de baixar os custos na lavoura, melhorar a remuneração ao produtor e tornar nosso produto mais competitivo, inclusive no mercado internacional. Sim, a exportação de fécula tem que entrar na nossa pauta de prioridades. Há um enorme mercado pela frente, um potencial ainda maior a ser explorado”, defendeu Carloto.
Alves seguiu nesta mesma linha de raciocínio e concordou que a ampliação das exportações passa necessariamente pela redução dos custos de produção e defendeu que, assim como hoje se avalia o custo X rentabilidade no campo, que o setor encare o desafio de também levantar o custo x rentabilidade na indústria.
Ele lembrou que a capacidade instalada da indústria brasileira de fécula está muito acima do que está sendo utilizada. “Temos que reduzir esta ociosidade”, defendeu ele.
SONHO ANTIGO – Quando a ABAM foi criada, em maio de 1991, a produção nacional de fécula era de 200 mil toneladas/ano. Em 15 anos, com a mobilização e a profissionalização do setor, passou para 750 mil toneladas/ano. “O nosso sonho era chegar em 2 milhões de toneladas por ano, mas na verdade, regredimos, e hoje estamos entre 500 mil e 600 mil toneladas. A meta de 2 milhões, naquela época, era para se equiparar a Tailândia, maior produtor de fécula do mundo. Hoje já deve estar produzindo 4 ou 5 milhões de toneladas, mas temos que avançar. Não podemos desistir”, defendeu o agroindustrial Maurício Yamakawa, primeiro presidente da ABAM.
Várias outras manifestações foram no sentido de aumentar a produção de fécula e ampliar as exportações, que desde o ano passado vem dando sinais de aquecimento.