O Brasil exportou em 2021 o maior volume de fécula de mandioca registrado até agora: 32 mil toneladas. Cerca de 23% das indústrias do setor exportaram. Também no ano passado houve um aumento de produção de fécula e derivados (melhor resultado desde 2016) sem aumentar a capacidade industrial instalada, o que demonstra que as empresas do setor tiveram um ganho de eficiência.
Estas são algumas das informações levantadas pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), uma das principais instituições de pesquisa em economia do Brasil, e divulgadas na última reunião da ABAM (Associação Brasileiras de Produtores de Amido de Mandioca), parceira no levantamento. O documento “Indústria Brasileira de Fécula – Caracterização, resultado e desempenho em 2021” mostra que as expectativas do setor é de aumentar ainda mais a produção de fécula em 2022,
O levantamento do CEPEA indica que as indústrias do setor estão com menor dependência da aquisição de mandioca via mercado (spot). As vendas de fécula ainda concentradas nos segmentos de massas e nos atacadistas e entre os principais produtos produzidos pela fecularia o maior crescimento foi registrado pela tapioca semipronta.
O balanço do setor foi apresentado pelo economista Fábio Isaias Felipe, pesquisador do CEPEA, parte do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), unidade da Universidade de São Paulo (USP) na reunião mensal da ABAM, que aconteceu na última quinta-feira (dia 28). Ele lembrou que foram enviados questionários para todas as fecularias do país, associada ou não à ABAM. E o número de respostas bateu recorde: 63% das indústrias responderam à pesquisa. “Foi a maior adesão dos últimos anos”, disse ele.
NÚMEROS – De acordo com o levantamento, as fecularias empregam atualmente cerca de 3 mil funcionários, a maioria no Noroeste do Paraná, que tem a maior capacidade industrial instalada. Mais de 5.600 produtores entregam a raiz às indústrias. O Mato Grosso do Sul foi o estado que mais registrou crescimento no número de produtores de mandioca: passou de 646 para 1.174.
O documento aponta que a qualidade da matéria-prima é o principal critério usado pelas indústrias para selecionar seus fornecedores, seguido de regularidade no fornecimento, preço da matéria-prima, variedades, proximidade da fecularia e pacote tecnológico dos produtores.
Outro dado fornecido pelo levantamento é que a maioria das aquisições da mandioca pelas indústrias é de terceiros sem contrato (27,78%), seguido de área de sócios da empresa (13,89%), terceiros via parceiros (11,81%) áreas da empresa (também 11,81%), terceiros, via contrato (9,93%), áreas arrendada pelas empresas (9.03%), intermediários (8.33%) e cooperados (8.33%). Neste quesito percebe-se que houve redução das aquisições nas áreas de sócios da empresa e de terceiros via contrato. Já as áreas arrendadas pela empresa quase que triplicaram, passando de 3,45% pata 9.03%.
VBP – As fecularias brasileiras esmagaram no ano passado 2,68 milhões de toneladas de mandioca. O Paraná é o destaque: no Estado foram processadas 1,90 milhões de toneladas.
A produção de fécula foi a maior dos últimos cinco anos a chegou a 636 mil toneladas. O Paraná é responsável por 63,07% desta produção, seguido pelo Mato Grosso do Sul (25,75), São Paulo (7,95%), Nordeste (1,87%) e Santa Catarina, que já foi grande centro da agroindústria de mandioca (0,64%).
Os dados levantados pelo CEPEA, apontam que, além das 636 mil toneladas de fécula nativa, as indústrias do setor ainda produziram 136.584 toneladas de amido modificado, 121.822 amido especial para pão de queijo, 93.450 mil toneladas de polvilho doce, 68.472 toneladas de polvilho azedo e 39.502 de tapioca.
Os dados apontam que em 2021 o VBP (Valor Bruto da Produção) de fécula (Preço médio x Produção) resultou em R$ 1,76 bilhão.
O setor de massa, farinha e biscoito é o principal destinatário da produção das fecularias (27,11%), seguido pelos atacadistas (19,91%), tapioca semipronta (8,75%), frigoríficos (6,71%), papel e papelão (6,40%, outras fecularias (4,98%), varejista (4,17%) e indústria química (1,35%) Pouco mais de 20% da produção não foi identificado o seu destino. Os dois setores que mais cresceram foi o de massa (32,4%) e tapioca semipronta (40,2%)
EXPORTAÇÃO – Os números apresentados por Fábio Felipe indicam que das 32.442 toneladas exportados ano passado, o Mato Grosso do Sul foi o Estado que mais comercializou fécula no mercado exterior, com 15.598 toneladas. Depois veio São Paulo com quase 9 toneladas, seguido pelo Paraná próximo das 8 toneladas.
Na avaliação dos agroindustriais, o que mais impactou o mercado de fécula e/ou de amidos modificados no ano passado, pela ordem, foram os preços da mandioca, o desempenho da economia, a epidemia da Covid-19, o preço do amido de milho e a taxa de câmbio.
Para 19% das indústrias, o processamento será 19% maior este ano que em 2021; 49,2% consideram que a volume de esmagamento será o mesmo e 31,74 das fecularias acreditam que vai reduzir em 16,2% em relação ao ano passado.
Por fim, se o Paraná ficou bem atrás nas exportações de fécula no ano passado, para 2022 o Estado deverá ser o maior, na expectativa do setor. Os dados apontam que 15 empresas paranaenses estão com boas expectativas de exportação para este ano, enquanto que no Mato Grosso do Sul, são seis empresas e uma em São Paulo. Algumas destas indústrias tem contrato de exportação feito no ano passado ainda em vigor.