Uma máquina completa que realize simultaneamente o maior número de operações possível. Este é o perfil desejado pelo setor para a futura colhedora de mandioca e foi definido numa reunião dos integrantes do Grupo de Trabalho (GT) instituído pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Mandioca e Derivados. Fazem parte do GT Colhedora de Mandioca instituições de pesquisa e de extensão, associações de indústrias e de produtores, universidades e empresas do setor.
A reunião aconteceu na tarde desta quarta-feira (02), foi realizada através de videoconferências e presidida pelo professor Emerson Fey, coordenador do GT. Segundo ele, o encontro foi produtivo, porque permitiu evoluir em alguns aspectos, como o modelo da máquina desejada e a questão orçamentária para o desenvolvimento das atividades do GT.
“Nós não tínhamos ainda um modelo, um plano de negócios para seguir. Até porque a gente não sabia o que o mercado queria pagar por uma máquina dessas. Agora sabemos que o mercado está disposto a pagar mais, desde que tenha maior valor agregado, que a máquina faça o maior número de operações possível”, diz Fey.
O fato de o grupo ter optado por um equipamento mais completo não pegou o Comitê Gestor do GT de surpresa. “A gente tinha opções a seguir, mas não sabíamos qual era a melhor, o que o mercado espera. Agora temos um caminho a seguir”, explicou.
Durante a reunião foram apresentados o plano de trabalho, suas fases e o orçamento de cada uma delas. A ideia inicial é realizar o trabalho em três anos, período que vai absorver recursos de R$ 364,6 mil.
O prazo de três anos foi questionado e objeto de vários debates. Após o encontro, Fey explicou que o prazo pode ser antecipado. Mas para isso é preciso antecipar o aporte de recursos em relação ao que foi apresentado e até num montante maior. “Com mais recursos poderíamos ter pessoas trabalhando em tempo integral e dedicação exclusiva ao projeto”, justifica. Mas faz uma ressalva: “não vamos ter a ilusão de que vamos conseguir resolver em curto espaço de tempo algo que há 40 anos está se tentando e ainda não deu certo. Quanto tempo se demora para ter uma nova variedade de mandioca? É preciso fazer experimentos, validar, repetir. Com a máquina também vai ser assim”, compara.
MODO DE TRABALHO – Atualmente o Comitê Gestor está reunindo tudo o que já existe no mercado e conhecendo experimentos que, por alguma razão, não deram certo, seja o todo ou em parte. O Grupo já detectou que alguns módulos desenvolvidos funcionam bem.
Uma colhedora completa, em princípio, deve fazer várias opções, como afofar a terra, arrancar a mandioca, despinicar (ou desenramar), limpar, transportar e armazenar. Na reunião foi levantada também a questão da parte aérea, que pode ser aproveitada de algumas formas, mas que até o momento está sendo desprezada neste processo.
Fey esclareceu que o GT pretende avançar por módulos e, em princípio, não pretende montar um protótipo. “Isto vai depender muito de qual caminho o futuro fabricante vai escolher, qual modelo de chassi vai considerar mais adequado”, ressalta. Mas lembra que atualmente já existe no mercado software que permite fazer uma montagem virtual da máquina. “É possível, digitalmente, simular bastante coisa”, esclarece o professor”.
O Plano de Trabalho apresentado prevê a realização de projeto informacional sobre a colhedeira e os módulos, projetos preliminar de módulos, projetos preliminar de incorporação dos módulos selecionados, análise de possibilidade de solicitação de patente para os módulos principais da máquina e a fase tecnológica com o projeto preliminar da colhedora.
ORÇAMENTO – No encontro de quarta-feira, o GT também definiu a celebração de um termo de cooperação entre as instituições do grupo, especialmente entre as cujos representantes fazem parte do Comitê Gestor. A intenção é uma formalização dos trabalhos, principalmente para ter respaldo das instituições.
De outro lado, ficou definido que a Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (ABAM), Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (SIMP) e Associação Técnica das Indústrias de Mandioca do Paraná (ATIMOP) entabularão conversações em suas entidades e junto a organismos governamentais para financiar os trabalhos do GT. A intenção é retomar trabalhos iniciados anteriormente, mas que não prosperaram, como a criação de um fundo de pesquisa, e incentivo para que parte dos recursos destinados ao pagamento do Imposto de Renda (IR) seja direcionado para este fundo e depois descontado.