Representantes do Projeto GEF Biogás Brasil, uma ação multissetorial em prol da produção de biogás no país, iniciaram esta semana os contatos com as dez indústrias de mandioca do Paraná (fecularia, farinheiras etc) que manifestaram interesse em participar do programa. A iniciativa, liderada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), tem como objetivo promover o aproveitamento dos resíduos orgânicos gerados pelo setor para a produção de biogás, que poderá ser convertido em energia elétrica, energia térmica ou combustível renovável. A cooperação proposta dará “mais sustentabilidade, rentabilidade e competitividade para a indústria da mandioca no Estado”, segundo técnicos da UNIDO.
Na semana passada foi realizada uma reunião por videoconferência entre consultores da agência internacional, direção do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (SIMP), que lidera a mobilização das empresas para consolidação da parceria e os industriais interessados. Na ocasião, as empresas confirmaram interesse na participação e indicaram o nome do responsável na indústria para fazer a articulação do projeto. Nesta semana, os consultores começaram os contatos individuais, buscando as informações das empresas para a elaboração do plano de trabalho. Estes contatos são preliminares para a celebração de um convênio de cooperação técnica.
“O plano de trabalho para esta nova colaboração deve ser concluído em janeiro”, informou o consultor da UNIDO Luis Felipe Colturato, especialista em Resíduos e Biogás, durante a videoconferência. Segundo ele, depois do pronto, o plano para “agregar valor” à atividade industrial será apresentado para validação junto as empresas e entidades envolvidas
Colturato explicou que o projeto vai levantar a possibilidade de otimização da produção de biogás e estratégias para seu aproveitamento energético, pois a maioria das empresas do setor de mandioca no Paraná já produz o gás metano para utilização em suas caldeiras. Em seguida, os técnicos vão propor formas de inserção do biogás na cadeia produtiva segundo as demandas do setor. “A partir disso vamos fazer a modelagem técnica e econômica aos participantes do projeto”, explicou ele.
Para o presidente do SIMP, Guido Bankhardt, a tendência é que as empresas do setor optem pela produção de energia elétrica. “Nós já produzimos o gás metano, até mais do que precisamos. Temos que aproveitar o que está sobrando e, se possível, aumentar a produção do biogás para gerar energia elétrica”, diz ele.
O PROJETO – O Projeto GEF Biogás Brasil conta com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environment Facility, ou GEF) e é uma ação conjunta sem fins lucrativos que reúne esforços de empresas, gestores públicos, entidades setoriais, instituições de pesquisa e parceiros internacionais. Entre as ações do projeto está a articulação com empresas e entidades para a implementação de convênios de cooperação técnica focados na dinamização da cadeia de valor do biogás no país. Na articulação com as indústrias de mandioca, o projeto se responsabiliza pela oferta de especialistas para a elaboração dos modelos de negócios e as empresas arcam com a aquisição de equipamentos e sua instalação.
Inicialmente a previsão era de realizar um projeto-piloto em apenas uma indústria, que ficaria à disposição das demais. “A abordagem territorial no âmbito dessa cooperação se baseia no conceito de inclusão. Dada a grande demanda por participação, o conjunto de instituições que compõem a iniciativa decidiu abrir o diálogo com mais empresas. O projeto GEF Biogás Brasil estruturou uma equipe para trabalhar na elaboração de modelos de negócio inovadores voltados para o setor da mandioca no Paraná, coletando dados que serão convertidos em informações estratégicas para a indústria local”, explica Emílio Beltrami, consultor da UNIDO e especialista nacional em inovação.
O lançamento oficial do convênio de cooperação acontecerá no próximo ano e inclui a participação direta do SIMP, do projeto GEF Biogás Brasil, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e de fecularias locais.
De acordo com a agência, o objetivo da nova parceria é sistematizar e modernizar os arranjos de produção do setor industrial de mandioca no Paraná, com foco no aproveitamento dos resíduos orgânicos gerados pelo setor para a produção de biogás. Todas as partes desse acordo participarão ativamente das atividades relacionadas à cooperação.
Além das instituições já citadas, o projeto conta com as seguintes entidades em seu Comitê Diretor: Ministério de Minas e Energia, Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Centro Integrado de Energia Renováveis (CIBiogás) e Itaipu Internacional.