As condições climáticas extremas verificadas no ano passado (estiagem, geadas, calor acima de 40°C e chuva de vento e granizo) são as principais causas da queda de renda da mandioca que estão sendo registradas há várias semanas e se acentuou no início do ano. Há relatos de que algumas cargas da raiz apresentaram renda de menos de 300 gramas.
A conclusão é do pesquisador Mário Takahashi, do IDR-PR, e foi apresentada na reunião da Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca (ABAM) realizada na última sexta-feira, dia 28. Segundo ele, outros fatores podem comprometer a renda, como a época de plantio e colheita, a variedade da mandioca, a fertilidade do solo e adubação e pragas e doenças. Mas no presente caso, ele aponta as condições climáticas como as principais causas para a baixa renda, a queda de produtividade no campo e o baixo rendimento industrial, além de queda na qualidade, que, em alguns casos, tem inviabilizado, por exemplo, a produção de farinha.
O resultado desta combinação de fenômenos climáticos é o baixo rendimento, a “isoporização” da raiz, a retenção da casca e alteração da coloração do produto final.
O pesquisador lembrou que nesta época do ano, “a renda, pelo ciclo da cultura, não é alta, em função da translocação da reserva das raízes
(basicamente amido) para a parte aérea”. Explica que este processso é quando o amido armazenado nas raízes é transformado em açucares, que é energia para recomposição da parte aérea. O amido uma vez translocado para
a parte aérea não retornará para o mesmo lugar nas raízes e sim na parte mais externa dela.
Exemplifica que em períodos de estiagem, esta translocação poderá ser mais intensa e com isso as raízes poderão tornar-se “isoporizadas” principalmente no seu miolo. Outro aspecto é que as plantas devido à estiagem e elevada insolação reduzem a troca de gazes e por consequência da fotossíntese, reduzindo novos acúmulos de amido nas raízes.
Takahashi lembrou que as variedades com maior porte têm sofrido mais que as de menor porte. Isto porque, as reservas energéticas são mais usadas para a formação rápida e mais densa da parte aérea, que contribui para a germinação de ervas daninhas. Já as de menor porte, embora facilite a germinação do mato, não precisa de tata energia para compor a parte aérea.
Lembrou também que as lavouras de mandiocas foram castigadas pelas geadas que caíram algumas vezes nas regiões produtoras. Elas chegaram a matar a parte da planta acima do solo, obrigando a brotação vir da cepa, com maior gasto de reservas”.
Ao final da apresentação, Mário Takahashi informou que nos próximos meses, nas lavouras de segundo ciclo, a renda irá melhorar, a “isoporização”, proporcionalmente, irá reduzir e a depender das chuvas, casca irá se soltar mais. Mas alertou que as chuvas podem provocar aumento de casos de podridão radicular.