Apesar das chuvas intensas do início do ano, o Norte de Minas já sente os efeitos da estiagem prolongada. Vários municípios já decretaram estado de emergência e o período seco está apenas no começo.
Para ajudar o homem do campo, a equipe da Unidade Regional da Emater-MG de São Francisco vem buscando alternativas para os produtores garantirem o alimento do rebanho e para conviverem com a seca no semiárido mineiro.
No Norte de Minas, o longo período de estiagem se caracteriza por seis a sete meses sem chuvas e com uma grande intensidade de insolação. Neste ano, houve poucas chuvas em março, ocorrência de grande importância para a região, pois é vista como um sinal do grau de agressividade do período seco no decorrer do ano.
“No começo do ano choveu demais, mas depois passou. Agora, a pastagem já está seca e, com o milho muito caro, os produtores precisam arrumar opções mais acessíveis para alimentar o rebanho. Esses extremos climáticos estão exigindo cada vez mais planejamento do pecuarista”, argumenta o coordenador regional de Culturas da Emater-MG, Frederico Rodrigues Botelho.
MANDIOCA – Uma das recomendações que estão sendo passadas aos produtores da região é o incentivo ao cultivo da mandioca. “A mandioca é um alimento altamente nutritivo e serve tanto para a alimentação humana como animal. Dela, você consegue aproveitar tudo, até a rama (parte área da planta). Ela também é muito rústica, tolerante à estiagem prolongada e é fácil encontrar mudas, pois é bastante comum seu cultivo na agricultura familiar”, salienta Frederico.
O coordenador conta que, na região, muitos produtores rurais têm investido no cultivo e uso da mandioca. A técnica tem gerado economia e propiciado mais qualidade para a alimentação animal. Devido à sua rusticidade, a mandioca é pouco exigente em fertilidade de solo e tolerante a períodos de seca, sendo uma alternativa para a substituição do milho e do sorgo no Norte do Estado.
“Muita gente já plantava mandioca para fazer farinha e polvilho, porém, a parte aérea, manivas e folhas eram desperdiçadas. Agora, a parte aérea da planta é transformada em feno e silagem, melhorando a nutrição animal”, explica o coordenador.
CAPIAÇU – O coordenador da Regional de Pecuária da Emater-MG, Antônio Faria Salgado Júnior, destaca que o interessante é o produtor ter, além da mandioca, o capiaçu, uma cultivar de capim-elefante de alto rendimento para produção de silagem.
“A mandioca é rica em proteína, mas dá pouca quantidade de alimento. Então você planta o capiaçu, que não tem muita proteína, para dar volume. Aí você mistura um balaio de silagem de rama de mandioca e dois de silagem de capiaçu para ter uma oferta maior de ração”, explica o técnico.
Devido à estiagem, Antônio Faria recomenda ainda que o produtor procure fazer uma pequena área de mandioca irrigada por gotejamento, aproveitando a água acumulada no período de chuvas.
Cultura resistente à seca – A palma forrageira é mais uma alternativa recomendada para a alimentação do rebanho bovino no Norte do Estado, principalmente em tempos de seca. A planta serve de alimento para bois, cabras e ovelhas, além de ajudar na hidratação dos animais, já que é constituída por até 90% de água. Além de ser uma boa opção para a dieta dos animais, a palma se sobressai em condições de seca. Em um hectare de terra é possível obter mais de 100 toneladas de palma forrageira, com custo baixo e pouca água. Mas como ela tem baixo teor de fibra, proteína e matéria seca, a palma não deve ser utilizada como única fonte de alimento para os bovinos. (Do site de O Norte de Minas)