Os preços da raiz de mandioca subiram no mês passado, devido à combinação de menor oferta e demanda fortalecida. Nesta semana, a maior parte dos mandiocultores continuou sem interesse pela comercialização, visto que o teor de amido das raízes segue baixo. Outros, mesmo com necessidade de se capitalizar, diminuíram as entregas em razão das chuvas, principalmente nos estados do Paraná e de São Paulo.
Estimativas do Cepea apontam diminuição de 8% na quantidade de mandioca a ser processada pela indústria de fécula nesta semana, que deve totalizar 46 mil toneladas. Novamente, a demanda industrial não foi completamente atendida, e a ociosidade média das fecularias foi de 47% da capacidade instalada.
Entre 28 de março e 1º de abril, o preço médio nominal a prazo da tonelada de mandioca posta fecularia subiu 1,5%, para R$ 793,49 (R$ 1,3800 por grama de amido). A média de março registrou aumento de 7,6% frente à de fevereiro.
Em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI), a média desta semana avançou 68% na comparação com o mesmo período de 2021. O preço médio de março, por sua vez, foi % maior que o do mesmo mês do ano passado.
Dentre as regiões acompanhadas pelo Cepea, a oferta cresceu de forma mais significativa apenas no extremo-sul de Mato Grosso do Sul, visto que parte dos agricultores tem necessidade de se capitalizar. No sudeste do estado, além da menor disponibilidade de lavouras, a expectativa quanto a preços mais elevados manteve produtores retraídos. Em MS, a média semanal subiu 0,3%, para R$ 776,02/t (R$ 1,3496 por grama de amido).
No noroeste do Paraná, as chuvas limitaram significativamente a colheita, diminuindo a oferta para as indústrias de fécula e farinha. Além do clima, a menor disponibilidade de lavouras para comercialização também influenciou a oferta no extremo e no centro-oeste do Paraná, com preços em alta. O preço médio semanal no Paraná foi de R$ 806,67/t (R$ 1,4029 por grama de amido), acréscimo de 2,3%.
Segundo a Seab/Deral, 18% da mandioca do estado foi colhida e comercializada até março, o maior percentual para o período desde a safra 2016/2017. Quanto à área, deve recuar 1% nesta safra, totalizando 131,4 mil hectares, e a produtividade pode diminuir 6%, para 21,6 t/hectare. Como resultado, a estimativa da Seab/Deral é de baixa de 7% na produção 2021/22 do Paraná, a 2,84 milhões de toneladas. Vale mencionar que as produções nas regiões oeste e no noroeste do estado devem ser 17% e 13% menores no mesmo comparativo.
Em muitas áreas do oeste do estado de São Paulo, as recentes chuvas interromperam a colheita. Com a demanda fortalecida, a média regional avançou 1,5%, para R$ 781,43/t (R$ 1,3590 por grama de amido).
O Inmet prevê chuvas para as próximas semanas em parte das regiões brasileiras produtoras de mandioca, com volumes mais expressivos até 13 de abril. Este possível cenário pode influenciar ainda mais a oferta de raízes.
Mesmo nos preços atuais, poucos agricultores sinalizam aumento das áreas com mandioca neste ano. Para muitos, a descapitalização, a menor oferta de crédito e a possibilidade de aumento dos custos de produção devem limitar os investimentos, além de fatores técnicos, como menor oferta de áreas – no caso dos arrendatários – e de manivas.
FÉCULA – Demanda segue ativa, mas liquidez é baixa – A semana foi de bastante movimentação no mercado de fécula, com forte interesse da maior parte dos segmentos consumidores. Porém, devido à baixa disponibilidade de produto e à estratégia de parte das fecularias de formar estoques, o volume de negócios efetivos foi baixo.
Ainda assim, diante da baixa produção das últimas semanas, os estoques de fecularias e modificadoras de amidos recuaram 0,8%, com baixa de 15% frente ao mesmo período do ano passado.
Na semana, o valor médio nominal a prazo da tonelada de fécula (FOB fecularia) foi de R$ 4.393,11 (R$ 109,83 por saca de 25 kg), aumento de 2,6% em relação ao período anterior. Em termos nominais, a média de março foi 11,4% maior que a de fevereiro. Atualizado, o preço médio semanal da fécula foi 62,6% maior que o do mesmo período de 2021, e a média real de março registrou elevação de 55,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
A procura pela fécula do noroeste e do centro-oeste do Paraná foi grande, principalmente pelos segmentos de panificação e atacadista, mas a disponibilidade restrita limitou os negócios. No extremo-oeste a demanda de segmentos industriais, especialmente amidos modificados, esteve fortalecida. No Paraná, o preço médio semanal da tonelada de fécula foi de R$ 4.391,52 (R$ 109,79 por saca de 25 kg), com aumento de 3,2%.
A demanda por fécula do extremo-sul de Mato Grosso do Sul seguiu firme nesta semana, especialmente para exportar para América do Sul e Europa. No sudeste do estado, além dos atacadistas, houve movimentação também das próprias fecularias. A média semanal em MS avançou 1,6%, para R$ 4.360,21/t (R$ 109,01 por saca de 25 kg).
No oeste paulista, a demanda esteva enfraquecida ao longo da semana devido ao período de final de mês, com poucos negócios para o atacado e outras fecularias. A média regional subiu 2% na semana, para R$ 4.460,24/t (R$ 111,51 por saca de 25 kg).
Estimativas do Cepea apontam que foram processadas 516,9 mil toneladas de mandioca pela indústria de fécula neste primeiro trimestre, 2,7% maior que o apurado no mesmo período do ano passado. No entanto, na mesma comparação, houve recuo de 6% na quantidade de fécula produzida, cenário relacionado à menor extração de amido das raízes.
A ociosidade está elevada em grande parte das fecularias, o que resulta em aumento nos custos fixos. No caso das firmas que também modificam os amidos, houve considerável valorização dos insumos.
Ainda há demanda para a exportação; porém, parte dos agentes prioriza atender o mercado doméstico. Este contexto resulta do menor excedente exportável, da valorização do Real frente ao dólar e do aumento dos custos logísticos, especialmente com frete.
Nesta semana, o preço da fécula tailandesa para exportação continuou estável em US$ 495,00/t (FOB aduana de origem), mas com alta de 2% frente ao valor do mesmo período do ano passado. A média de março ficou 0,5% acima da de fevereiro, segundo dados do Thai Tapioca Starch Association (TTSA).
FARINHA – O mercado de farinha também continuou com baixa movimentação nesta semana em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. De acordo com vendedores, este cenário está relacionado ao fato de haver estoques firmes no atacado, além de reajustes nos preços e da oferta de farinha de outras regiões, especialmente do Nordeste.
A saca de 50 kg da farinha de mandioca seca fina-branca/crua tipo 1 foi comercializada nesta semana ao valor médio nominal a prazo (FOB farinheira) de R$ 156,53, 3% acima do observado no período anterior. Em igual comparação, o preço médio da farinha de mandioca seca fina-branca/crua tipo 1 subiu 4%, para R$ 121,49 por saca de 40 kg.
A demanda por matéria-prima também segue fortalecida na indústria de farinha, apesar da baixa liquidez no mercado do derivado. Na semana, o preço médio nominal da tonelada de mandioca posta farinheira foi de R$ 791,17 (R$ 1,3760 por grama de amido), com elevação de 1,2%.
Farinheiras do noroeste do Paraná sinalizaram que poucos negócios foram realizados na semana, em quantidades pouco expressivas para atender empacotadores do estado – mas alguns carregamentos de farinha foram feitos para o atacado de estados do Centro-Oeste, destacando-se o Distrito Federal. Também houve lentidão no mercado de farinha do centro-oeste paranaense, com poucos volumes comercializados para Minas Gerais e Rio de Janeiro.
No oeste do estado de São Paulo, o volume comercializado também foi baixo. Algumas farinheiras registraram procura de agentes da Bahia, mas sem fechamento de negócios.
(Fonte: Cepea)