No contexto atual, um dos maiores desafios para a maior competividade e modernização das lavouras de mandioca em escala comercial e com mais tecnologia passa pela possibilidade da colheita mecanizada. Isto ocorre principalmente por ser uma etapa que demanda bastante mão de obra e que pode consumir quase 40% do custo de produção de uma lavoura.
Muitos protótipos e algumas colheitadeiras já foram desenvolvidas ao longo dos anos, mas não apresentaram resultados satisfatórios que permitissem a consolidação de algum equipamento no mercado. Outras até apresentaram resultados satisfatórios, mas ainda com dependência de mão de obra em alguma etapa da colheita.
O grande divisor de águas para a colheita das raízes de mandioca foi o advento do afofador e posteriormente acoplados ao uso de sacolões ou também conhecidos como big bags, guinchos e caminhões caçamba. Roçadeiras frontais também foram acopladas que colaboraram para a redução e otimização do uso da mão de obra.
No desenvolvimento de colheitadeiras, além dos equipamentos em si, um aspecto muito importante será a adaptação do sistema de produção para a colheita mecanizada. Isto ocorreu para todas as culturas (por exemplo, soja, milho, feijão e algodão) e não será diferente para a mandioca. Mesmo que ainda algum equipamento eficiente não esteja disponível no mercado é possível vislumbrar alguns aspectos importantes que poderão auxiliar a mecanização da colheita:
1. Variedade de mandioca
1.1. Porte médio a baixo que permita maior adensamento dentro da linha de plantio. A colheitadeira para maior eficiência terá que continuamente ser abastecida por plantas;
1.2. Raízes curtas, cilíndricas, com pedúnculo curto, crescimento mais superficial em relação ao solo e menor deterioração pós colheita. Estes aspectos em conjunto poderão proporcionar menores quebras das pontas e menor desperdício no despinicamento e reduzir perdas na colheita que normalmente podem atingir até 5% da produção. Raízes que ao mesmo tempo possuam certa flexibilidade em relação a cepa podem reduzir estas perdas. Raízes que se desenvolvam de preferência para um só lado, na direção do sulco de plantio. Raízes sem constrições e menos tortuosas inclusive em plantio direto, também reduzirão as perdas;
1.3. A cepa deverá ter resistência suficiente para permitir o transporte dentro da máquina até o despinicamento;
1.4. Plantas que emitam poucas hastes também poderão facilitar as operações;
1.5. Variedades com material de plantio que proporcione vigor das plantas e minimização de falhas na lavoura.
2. Práticas culturais
2.1. Plantio
Com o advento do plantio direto em áreas que propiciem esta prática, o espaçamento entre os terraços poderá ser objeto de estudos para que os mesmos possam ser alocados em espaçamentos mais amplos, ampliando as áreas em que a colheitadeira possa atuar.
2.2. Tamanho da muda
Novos tamanhos de muda distintos em relação aos utilizados atualmente poderão ser adaptados, com kit de corte variável em plantadeiras, para reduzir o efeito de alavanca em mudas maiores, que dificultam a colheita.
2.1. Espaçamento
Plantas uniformemente espaçadas na linha de plantio e bem alinhadas e possibilidades de novos espaçamentos entre as linhas poderão melhorar a operação da colheitadeira.
2.2. Poda
Em lavouras de dois ciclos as ramas deixadas na operação de poda, se forem previamente trituradas por algum equipamento facilitarão sobremaneira a operação da colheitadeira.
A altura da poda talvez tenha que ser revista para facilitar a entrada e o transporte das raízes com a cepa dentro da colheitadeira.
2.3 Controle do mato
O controle adequado do mato será fundamental no desempenho da colheitadeira, principalmente em lavouras de dois ciclos.
Fotos de diferentes máquinas e protótipos: