Um mercado confuso, difícil de avaliar e prever sua tendência. Assim está o mercado de raiz de mandioca. Na reunião desta segunda-feira (01) do Sindicato das Indústrias de Mandioca (SIMP), os industriais de farinha, fécula e biju confirmaram que as negociações serão feitas de acordo com as necessidades de cada um. “Não temos sequer um valor de referência”, disse o presidente Guido Bankhardt.
“Será uma semana tumultuada. O feriado vai contribuir para deixar o mercado ainda mais indeciso. E não dá para saber como estará o mercado na quarta-feira. Estamos sem preço”, acrescentou ele.
Os industriais têm ido buscar mandioca cada vez mais longe. Fecularias paranaenses têm comprado matéria-prima em São Paulo e Mato Grosso do Sul em busca de melhores preços. Por sua vez, com a renda cada vez mais baixam os produtores têm pressionado por preços melhores.
De acordo com diretores e associados do SIMP, o que tem pressionado os preços é a queda da renda, ou seja, a menor produção de amido na raiz. Os preços pagos são com base no grama de amido. Com renda baixa, os preços, se comparado com o período em que se remunerava o produtor por tonelada, está abaixo do que se pagava no mesmo período do ano passado.
Os produtores de fécula têm consciência desta realidade e não se sentem à vontade para resistir à pressão dos produtores, que, por sua vez, estão desmotivados a colher por conta do baixo rendimento. A intenção deles é esperar mais cerca de 90 dias, quando a renda deve melhorar. Até porque, a maioria já pagou o arrendamento da terra.
O problema é que as indústrias não estão conseguindo repassar nos seus produtos (farinha, fécula e mandioca) o impacto do aumento de preços da raiz. O que tem permitido para as fecularias remunerar os produtores como eles estão pedindo são as exportações.
Mas com os constantes aumento as indústrias temem perder a competitividade com o mercado internacional e até o mercado que vinha sendo ocupado pelo amido de milho e que foi reconquistado este ano, a partir do aumento de preços do grão.
Na última sexta-feira (29), durante a reunião da Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca já era perceptível um certo nervosismo no mercado. A baixa oferta da raiz, a dificuldade de repassar os preços nos produtos industrializados e a necessidade de estimular o produtor de mandioca a permanecer na atividade têm contribuído para o mercado estar desnorteado.
Na sexta-feira, os industriais manifestaram que iriam esperar a reunião do SIMP para ter uma previsão de mercado. Mas o encontro desta segunda-feira não contribuiu para clarear a situação. o mercado não está reagindo na mesma proporção da raiz.