A oferta de mandioca permanece abaixo das expectativas do mercado, uma vez que parte das lavouras de 1º ciclo foram podadas e seguem tendo sua comercialização restrita por mandiocultores, devido aos seus baixos níveis de produtividade e teor de amido. As chuvas da semana passada também influenciaram negativamente sobre o avanço dos trabalhos no campo.
Os preços continuaram firmes na maioria das regiões. Na semana, a média nominal a prazo da tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 938,26 (R$ 1,6318 por grama de amido), com aumento de 0,4%. Atualizado (deflacionamento pelo IGP-DI) este valor é 67% mais alto que o do mesmo período do ano passado.
A demanda por mandioca aumentou por parte das fecularias e farinheiras, principalmente do Paraná, acarretando na maior disputa pela matéria-prima, sendo também um fundamento para a alta nos preços.
Entre 12 e 16 de setembro, o esmagamento de mandioca pela indústria de fécula deve recuar 7,9%, para 32,2 mil toneladas, de acordo com estimativas do Cepea. Vale destacar que, na semana anterior, parte da indústria havia diminuído ou até interrompido os dias de moagem em decorrência do feriado de 7 de setembro.
Desde o início de agosto, o teor de amido – determinante para a tomada de decisão pela venda –caiu 5%, com a média desta semana em 500,91 gramas (balança hidrostática de 5 kg).
Choveu em parte do oeste paulista, possibilitando, em muitas áreas, o avanço da colheita. A demanda pela mandioca desta região, por sua vez, segue fortalecida, principalmente pelas fecularias paranaenses. Na semana, a média da região paulista caiu ligeiro 0,15%, para R$ 813,68/t (R$ 1,4151 por grama de amido).
Entre a temporada 2020/21 e a atual, deve haver diminuição de 3,3% na área disponível com mandioca para a indústria no estado de São Paulo, de acordo com estimativas do Instituto de Economia Agrícola (IEA-SP). Na mesma comparação, a produtividade deve recuar expressivos 14,8%, para 24,6 t/ha. Assim, a produção paulista para este ano deve totalizar 1,05 milhão de toneladas, com queda de 15,7%. Vale destacar ainda que a área com mandioca nova no estado equivale a apenas 27% da disponibilidade total.
No extremo-oeste do Paraná, diante da baixa disponibilidade de lavouras para a colheita e de maiores volumes chuvas, foi expressiva a redução de oferta no correr desta semana, levando empresas a se abastecerem em áreas mais distantes, como em Mato Grosso do Sul. Com muitas lavouras podadas e menor interesse dos mandiocultores pela comercialização, também foi baixa a oferta no noroeste e centro-oeste paranaenses, onde continuou forte a dependência de raízes do oeste paulista. No Paraná, o preço médio da semana foi de R$ 958,80/t (R$ 1,6675 por grama de amido), com alta de 0,7%.
No sudeste de Mato Grosso do Sul, parte dos mandiocultores continua com pouco interesse pela comercialização de mandioca nova, principalmente em razão do baixo teor de amido, enquanto outros ainda priorizaram as atividades relacionadas ao plantio. Já no extremo-sul do estado, há maior interesse pela venda, inclusive de raízes mais novas, mas com pouco avanço da colheita em decorrência das chuvas. Na semana, o preço médio da mandioca em MS teve queda de 0,2%, para R$ 956,07/t (R$ 1,6627 por grama de amido).
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o fenômeno La Niña deve prevalecer em outubro e novembro. No entanto, os efeitos serão amenizados, sobretudo no estado do Paraná, devido ao bom armazenamento de água na maioria dos solos.
VENDA DE FÉCULA TEM LIGEIRA MELHORA – Em decorrência das recentes quedas na produção, principalmente no último trimestre, compradores de fécula passaram a considerar a possibilidade de variações positivas nos preços. Assim, muitos voltaram ao mercado, inclusive com interesse de negociações para a entrega futura.
Como resultado deste cenário, a quantidade do derivado nos estoques de fecularias e modificadoras caiu 1,3% na semana. Vale destacar que esse recuo foi amenizado pela baixa liquidez apontada no período anterior.
Parte dos vendedores manteve suas posições de preços, mas cedeu a pedidos envolvendo lotes maiores. A média semanal a prazo da tonelada de fécula (FOB fecularia) foi de R$ 4.854,45 (R$ 121,36 por saca de 25 kg), 0,5% acima daquela do período anterior. Na comparação com igual período do ano passado, a alta é de 54%, em valores reais.
No noroeste e no centro-oeste do Paraná, o mercado foi de maior liquidez, com as vendas destinadas principalmente para o segmento de massas e panificação e para atacadistas que, inclusive, buscaram por maiores quantidades. Já no extremo-oeste do estado, foram maiores os volumes comercializados para os segmentos industriais. A média semanal da fécula no Paraná foi de R$ 4.867,35/t (R$ 121,68 por saca de 25 kg), com alta de 0,7%.
No Mato Grosso do Sul, negócios esporádicos foram feitos com os atacadistas. No entanto, o interesse de outras fecularias voltou a crescer, mas com baixa liquidez. No estado, o preço médio da semana foi de R$ 4.838,53/t (R$ 120,96/saca de 25 kg) com leve aumento 0,09%.
No oeste do estado de São Paulo, os volumes comercializados ficaram praticamente estáveis, destinados principalmente para o segmento de massas e panificação e frigoríficos. No entanto, foi maior a procura pelo derivado para entrega futura. O preço médio semanal na região foi de R$ 4.794,35/t (R$ 119,86 por saca de 25 kg) com ligeiro acréscimo de 0,13%.
Segundo dados do IBGE, em julho, o volume de vendas no varejo caiu 0,8%. Dentre as atividades consideradas, a de super e hipermercados – que possivelmente afeta mais fortemente o consumo de fécula e outros derivados – teve recuo de 0,8%. Possivelmente, este cenário deve ser revertido nos próximos meses a partir da melhora na atividade econômica e da necessidade de reposição de estoques de fécula.
Dados do Banco Central do Brasil mostraram que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) – que pode ser considerado como uma prévia do PIB – teve crescimento de 1,17% em julho.
O preço da fécula tailandesa para exportação ficou estável nesta semana em US$ 510,00/t (FOB aduana de origem). Este valor, no entanto, é 6,2% maior que o do mesmo período de 2021, conforme dados do Thai Tapioca Starch Assocition (TTSA).