Os terraços – ou curvas de nível, como são popularmente denominados – são práticas conservacionistas mecânicas constituídas de camalhão da terra escavada para formar o canal, com a finalidade de reter o escoamento das enxurradas, para minimizar as erosões.
Geralmente são construídos em níveis para atender a outra prática conservacionista, ou seja, a de proporcionar o plantio em nível, paralelamente aos terraços. Entre as décadas de 1970 a 2000 a tabela de espaçamentos entre os terraços, utilizada no estado do Paraná, aumentava com o teor de areia do solo (textura) e a declividade do terreno.
Já em meados de 2010 houve discussões no estado do Paraná sobre a redução dos espaçamentos entre os terraços, que resultaram na elaboração do Boletim Técnico 71, sob o título “ESPAÇAMENTOS ENTRE TERRAÇOS EM PLANTIO DIRETO”; publicado por uma equipe multidisciplinar de pesquisadores (CAVIGLIONE et al., 2010) do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IAPAR-EMATER (IDR-Paraná).
Vinte e três tabelas de espaçamentos foram acrescentadas a este boletim que, em função da declividade do terreno, foram inseridos três agrupamentos que devem ser utilizados tecnicamente para definir o espaçamento entre os terraços: tipos de solos, culturas e sistemas de preparos dos solos.
Após a publicação do Boletim Técnico 71 ocorreu a retomada das discussões de uso, manejo e conservação dos solos. Juntamente a isso, foram promovidos inúmeros eventos técnicos e cursos para os produtores rurais e agentes da assistência técnica como os Engenheiros Agrônomos, responsáveis pela elaboração e recomendações técnicas de terraços em projetos agrícolas.
Especificamente para a nossa região, a do noroeste do Paraná, utilizando a tabela 1 de espaçamento antiga do Boletim 71, se fosse realizado o plantio de mandioca em preparo convencional do solo haveria diminuição entre os terraços pela nova tabela 9. O preparo convencional consiste geralmente em revolver a terra como pasto utilizando-se arado, grade pesada e grade niveladora.
Contrariamente, se o mandiocultor optasse pelo plantio direto de mandioca – por exemplo, sobre a palhada de um pasto, sem mexer na estrutura do solo, apenas dessecando antecipadamente as gramíneas com herbicida, os espaçamentos entre os terraços poderiam ser aumentados de acordo com a tabela 25 em relação às tabelas 1 e 9 apresentadas no Boletim Técnico 71.
Como o planejamento conservacionista de uma propriedade rural deve considerar o uso e manejo do solo ao longo do tempo, no caso específico de se utilizar o plantio de mandioca para a reforma de um pasto, os espaçamentos entre os terraços deveriam ser mantidos pela cultura que tivesse os menores espaçamentos, neste caso, sendo a cultura de mandioca.
Tive a oportunidade de constatar tal planejamento em um Dia de Campo no município de Tamboara, em duas lavouras de mandioca paralelas em solo arenoso do Arenito Caiuá, separadas por um carreador e que tinham sido plantadas no mesmo espaçamento entre terraços de base média em nível. A lavoura de mandioca em plantio direto apresentou uma fina lâmina de água nos canais dos terraços após as chuvas que antecederam o Dia de Campo, comparadas aos canais dos terraços de lavoura com metade dos canais com água das enxurradas que não infiltraram no solo em plantio convencional.
CAVIGLIONE, J. H.; FIDALSKI, J.; ARAÚJO, A. G.; BARBOSA, G. M. de C.; LLANILLO, R. F.; SOUTO, A. R. Espaçamentos entre terraços em plantio direto. Londrina: IAPAR, 2010 (Boletim técnico Nº 71). Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/344320671_ESPACAMENTOS_ENTRE_TERRACOS_EM_PLANTIO_DIRETO>. Acessado em: 13 out. 2021.