“Foi uma reunião histórica. Tivemos a adesão de 100% dos presentes. Agora abre-se uma nova perspectiva para o setor”. O comentário é do presidente do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (SIMP), Guido Bankhardt, e foi feito após a assembleia geral da entidade, na semana passada, que aprovou, por unanimidade, a criação do Fundo para o Desenvolvimento da Mandioca do Centro Sul Brasil (FDM Centro Sul BR). “Agora vamos poder investir em pesquisa. Cada vez que surgia um projeto novo que exigia investimentos tínhamos que fazer arrecadação. E nem sempre as empresas estão podendo investir. Com a criação do Fundo superamos esta dificuldade”, alegra-se ele.
A criação do Fundo foi articulada pelo SIMP e ABAM (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca, de abrangência nacional, e que realiza sua assembleia ainda este mês, dia 23. “Em setembro começamos a arrecadação, diz Bankhardt.
Durante a assembleia o presidente do SIMP destacou que dias antes havia participado de uma audiência com o presidente da Embrapa, Celso Moretti, e este elogiou a iniciativa do setor. “Este Fundo vai abrir caminhos, pois é uma demonstração que estamos interessados em crescer e que quem se ajuda merece ser ajudado. E é o que estamos fazendo”, sublinha.
COLHEDEIRA – Segundo Guido Bankhardt, os primeiros investimentos deste fundo serão no projeto de criação de uma colhedeira de mandioca, que já está em andamento. “É a nossa primeira prioridade. A colheita manual é o gargalo do setor. Representa 30% do custo de produção e é uma mão de obra que está em extinção”, aponta o presidente, defendendp a mecanização da colheita de mandioca.
A necessidade de uma colhedeira de mandioca levou a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Mandioca e Derivados a reunir vários pesquisadores num grupo de trabalho (GT) para criar o projeto de uma máquina. O SIMP, a ABAM e a ATIMOP (Associação Técnica Industrial de Mandioca do Oeste do Paraná), estão financiando o trabalho do GT este ano. Mas não havia perspectiva para os próximos anos. A previsão é que os trabalhos do GT durem três anos.
A ASSEMBLEIA – A proposta de criação do FDM foi apresentada na Assembleia pelo presidente da ABAM, Valter de Moura Carloto. Ele disse que o objetivo do Fundo é viabilizar investimentos em tecnologias, do plantio à industrialização da mandioca, como o desenvolvimento de novas variedades; o aprimoramento do sistema de plantio direto; o desenvolvimento de agroquímicos seletivos à cultura e com eficiente controle de ervas daninhas e pragas; o desenvolvimento de colhedeira de mandioca; a participação em feiras; e promoção do marketing de produtos derivados da mandioca.
Carloto disse que a contribuição sugerida é uma “quantia insignificante” considerando o valor a ser arrecadado e os benefícios que trarão. A proposta é que 0,025% do valor pago pela mandioca seja recolhido para o Fundo. Isto significa que, se a raiz estiver cotada a R$ 480,00 a tonelada, o valor a ser recolhido será de R$ ,012/ton. Cada um ajudando um pouco haverá recurso semprez que se apresentar uma boa oportunidade para o setor. “Não haverá necessidade, por exemplo, de fazer chamada de capital”, diz Carloto.
Os associados consideraram a proposta justa e importante, pois, na opinião deles, o setor só vai efetivamente crescer se houver investimento em pesquisa. E assim aprovaram por unanimidade a criação do Fundo. Carloto e o associado Ivo Pierin Júnior foram os primeiros a parabenizar os associados pela decisão. “Vocês farão parte desta importante página da história do setor”, disse o presidente da ABAM. “Talvez nem todos saibam a dimensão do que foi aprovado aqui. Foi um marco. Parabéns Guido por estar à frente deste projeto”, disse Pierin, lembrando que antes mesmo da criação do FDM, o presidente do SIMP já vinha contribuindo com outro Fundo para o setor.
Pierin ainda destacou que o deputado Filipe Barros, que já havia anunciado uma emenda de R$ 400 mil para pesquisa no setor, anunciou mais R$ 1.2 milhão, parte no ano que vem e outra em 2023. “Mas isso só veio porque estamos criando este Fundo. Agora o Governo sabe que temos como dar contrapartida para o que ele investir no setor”, disse ele com o endosso de Bankhardt que também participou do anúncio do parlamentar. “Mesmo antes de ser criado, o Fundo já está ajudando o setor”, complementou Carloto.
Também o associado Roland Schurt comemorou a aprovação do Fundo. Destacou o empenho dos diretores nesta luta. “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. E não quebramos uma pedra, mas uma rocha. Foi um grande passo que demos hoje”, disse ele.
Vilmar Roders destacou que, da forma como proposto, o FDM será justo porque todos contribuirão proporcionalmente ao que produz. O valor da contribuição para o Fundo será definido com base no que cada indústria processar de raiz “Quem processa mais mandioca terá um valor maior e quem processa menos um valor menor. Isto garante justiça entre as indústrias”, enfatizou ele.
Ao final da Assembleia, o presidente Guido Bankhardt agradeceu a todos pela confiança na diretoria da SIMP, que será um dos gestores do Fundo. E garantiu que o FDM dará um impulso extraordinário no setor. Na avaliação dele, quando começarem a aparecer os resultados “os produtores também vão participar do Fundo junto com as indústrias, porque perceberão que toda a cadeia produtiva está sendo beneficiada”, aposta ele.