Aipim, mandioca ou macaxeira. O nome popular varia, mas a matéria-prima para esta embalagem sustentável é a mesma: a fécula do alimento, obtida com o processamento da raiz e muito rica em amido. A Já Fui Mandioca é a marca brasileira que tornou o material uma alternativa biodegradável a produtos como plástico e isopor. Quando inseridas no meio ambiente, as embalagens de mandioca se tornam adubo em até 90 dias. A tecnologia brasileira levou a startup a ser acelerada e crescer em seus dois anos de vida, chegando a clientes como Google e Facebook.
Mais do que uma alternativa a outros materiais, a marca visa ser sustentável em todo seu processo. “Trabalhamos com economia circular, que é o conceito da terra, da natureza. Foi esse ciclo que fomos copiar. A mandioca, que vira embalagem, que volta à terra, que vira a mandioca novamente. Nossa produção inteira é limpa, além da solução do descarte, acreditamos em criar um processo de impacto positivo. Na fabricação, consumimos bem menos água, 75 vezes menos do que o plástico”, exemplifica o fundador da empresa, Stelvio Mazza.
A tecnologia, segundo Mazza, vem sendo desenvolvida há 16 anos e um dos desafios foi justamente conseguir fabricar em larga escala. “Quando falamos em desenvolver uma nova abordagem para o plástico, as pessoas não têm ideia a diferença que é criar no laboratório e transformar isso em escala. Por isso, digo que todos os funcionários da marca, todos nós, diariamente estamos construindo e criando essa tecnologia”, disse.
As bioembalagens são 100% ecológicas e vêm solucionar o problema do lixo gerado por produtos que tem uma vida útil extremamente curta. “Por isso, não somos uma empresa de embalagem, e sim de tecnologia. Entendemos que algumas aplicações do plástico não faziam o menor sentido. Uma pazinha para mexer o café, vai ter vida útil de 2 segundos e demorar centenas de anos para se degradar no ambiente”, lembrou ele.
A linha de produtos da empresa vai desde pote, prato, embalagem para delivery, e cresce agora com o lançamento de potes de sorvete. Com isso, a startup vem dobrando a produção a cada ano e, embora tenha sido afetada pela pandemia, a expectativa é de aumento no faturamento em 2020. Para isso, a empresa precisou buscar novos clientes. “Grande parte dos nossos clientes são eventos ou escritórios, como os do Facebook e da Uber, que hoje são inexistentes, já que os funcionários foram para home office. São mercados que foram duramente castigados. Então, já estávamos fazendo essa virada para delivery e restaurantes naturais e isso foi mais rápido para se adaptar a pandemia”, explicou o fundador.
Para ele, a embalagem tem muitas possibilidades que ainda serão exploradas conforme a marca crescer. “Conseguimos fazer quase tudo que o isopor consegue. Nosso foco hoje é alimentos, porque ainda somos uma startup, mas acho que a pandemia podia acelerar ainda mais isso. Não existe plano B, é esse planeta que temos para viver. Quanto mais informado e consciente estiver esse consumidor, melhor”, disse Mazza, lembrando que a Já Fui Mandioca também atende pequenas empresas como restaurantes e sorveterias.
A marca tem planos de exportar em longo prazo. “Temos demanda de todo lugar do mundo. Ainda não exportamos porque temos foco no mercado do Brasil, que é grande. Mas estamos estudando para o futuro exportar. Só começamos a cogitar a exportação quando aparece interessados em fazer acontecer”, definiu o empresário. (Do portal da Agência de Notícias Brasil-Árabe – ANBA)