Uma nova técnica sugere usar as folhas ao invés dos caules na produção de mudas de mandioca. Utilizando gemas foliares, que são formações iniciais de um ramo da planta, foi possível aumentar a multiplicação em dez vezes.
O estudo é conduzido pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) que fez os testes em casas de vegetação com equipamentos que os produtores podem usar. Os testes ocorreram na Bahia e obtiveram 80% de germinação usando apenas gemas foliares imaturas.
O melhorista Eder Oliveira, responsável pelo desenvolvimento da nova técnica, explica como funciona: “Cada folha tem uma gema imatura com potencial para gerar uma nova planta e cada haste tem entre 30 e 40 gemas. Como podem acontecer quatro ciclos por ano, uma única haste pode produzir cerca de 160 mudas. Comparando com os sistemas tradicionais, em que a reprodução é na proporção de 1/5 ou 1/10, dependendo da região e do manejo, a produção com a técnica de gemas foliares pode chegar a praticamente 1/100, ou seja, dez vezes mais que o sistema convencional”.
A ideia da pesquisa é simplificar ao máximo para que a maioria dos produtores pudesse ter acesso à tecnologia. Do ponto de vista do controle de patógenos, foram associados alguns defensivos que já tinham efeito protetor observado em outro projeto. “Conseguimos obter mais de 80% de germinação usando gemas foliares imaturas”, declara Oliveira.
Ele lembra que cuidados em relação à infraestrutura mínima e à umidade do espaço são muito importantes também, principalmente na primeira semana. Os pesquisadores estão investindo na formulação de um kit de nutrientes e fitohormônios capaz de aumentar a taxa de germinação para 90%.
Outros experimentos no Brasil e na África comprovam o bom desempenho da nova técnica. A técnica foi testada em grande escala pela primeira vez na multiplicação da BRS Novo Horizonte, variedade lançada pela Embrapa em 2018, alcançando números bastante expressivos nos ciclos de produção. Com ela, a área de plantio na propriedade parceira, localizada no município de Laje, no Recôncavo Baiano, cresceu de um hectare em 2017 para oito hectares em 2018 e 120 hectares em 2019. Experimentos estão sendo realizados também na África, em áreas do International Institute of Tropical Agriculture(IITA), na Nigéria; do National Crops Resources Research Institute (NaCCRI), em Uganda; e do Tanzania Agriculture Research Institute (Tari). (Do Portal Agrolink)