Derivada da produção de agroindústrias espalhadas nos polos Noroeste, Leste e Oeste do Paraná e usada na indústria de tecido, cola, papel e tintas, a fécula de mandioca é o tema de uma pesquisa feita em uma Universidade do estado. O projeto está ligado ao diretório de pesquisas do CNPq e ao Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU), no setor de Engenharia Sanitária da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
De acordo com Deize Dias Lopes, coordenadora do projeto, a Universidade começou a trabalhar com a produção de hidrogênio e metano no fim de 2017. A professora afirma que os estudos ligados ao hidrogênio estão em fase inicial em todo o mundo, mas o metano gerado por féculas de mandioca já é estudado há alguns anos.
A doutoranda Isabela Bolonhesi produz uma tese a respeito da geração de energia renovável a partir do hidrogênio e fécula da mandioca. Ela analisa o processo de decomposição anaeróbia da água residual presente na fécula de mandioca. Segundo a doutoranda, por meio desse processo, que é dividido em duas fases, há a possibilidade de extrair o biogás proveniente da quebra.
Um dos principais pontos da pesquisa da Universidade de Londrina sobre o hidrogênio e a fécula de mandioca é a aposta na produção de energia renovável e limpa, principalmente em um cenário de crise hídrica em que o país se encontra e precisa de uma revisão de sua matriz energética, de acordo com a pesquisadora. No último ano, o Paraná teve a geração de 300 mil toneladas de fécula de mandioca.
Os efluentes líquidos dessa geração, se transformados em biocombustível, podem gerar cerca de 15 GW anuais de energia renovável. A produção de bioenergia por meio do gás metano no país ainda está dando seus primeiros passos. Temos uma produção de 0,9% de energia renovável gerada por essa fonte em média.
O biocombustível tratado de forma correta tem uma redução de sua carga orgânica, o que também reduz o seu impacto no meio ambiente ao descarte desse efluente na natureza. Embora o resíduo seja descartado corretamente, ele ocupa espaço em um aterro, então é um reaproveitamento total da produção.
Outra pesquisa, ligada ao projeto, é a tese de Ivan Taiatele Junior. O estudo avalia a viabilidade econômica do reaproveitamento energético dos resíduos para empresas de portes diversos.
Sendo assim, nesse sentido, Deize ressalta que, para pequenas produtoras de fécula, que pretendem exportar a produção, há a possibilidade de se unir para participar da economia circular.
O momento é de oportunidade, porque a China adquiriu a produção de fécula da Tailândia, e consequentemente o Brasil deverá bater recordes na exportação do produto. As grandes produtoras já exportam sua produção, em geral, para a China. Para as pequenas encontrarem competitividade, essa é a chance. (Do Portal CPG – Click Petróleo e Gás)