A Comissão Organizadora do Congresso Brasileiro de Mandioca, que será realizado de 29 de novembro a 1° de dezembro próximos, confirmou a equipe responsável pelo minicurso “Plantio Direto de Mandioca”. À frente, na coordenação, estará o pesquisador Marco Antonio Sedrez Rangel, da Embrapa Mandioca e Fruticultura e ainda farão parte da equipe os especialistas Emerson Fey, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Afonso Peche Filho (Centro Avançado de Pesquisa em Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de Campinas – Jundiaí) e Marcos Roberto da Silva (Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia).
A proposta do minicurso é apresentar os avanços na busca pela sustentabilidade do sistema de produção. Segundo Marcos Roberto, que é presidente da Sociedade Brasileira de Mandioca, principal promotor do Congresso, “dois aspectos devem ser considerados na conservação do solo em mandioca: a planta de mandioca no início do ciclo protege pouco, devido ao crescimento inicial e a distribuição das plantas na área – espaçamentos entrelinhas largos, portanto baixa eficiência na cobertura do solo”.
“O segundo aspecto: a planta de mandioca é esgotante do solo, pois exporta quase tudo que produz (raízes, folhas e manivas) para produção de farinhas, e como sementes para novos plantios, portanto a adoção de sistemas com vistas ao manejo e conservação do solo é de fundamental importância para a sustentabilidade da produção de mandioca”, complementa ele.
Pesquisas e experiências práticas com apoio de produtores rurais em manejo conservacionista tem se intensificado nas regiões produtoras de mandioca no Brasil, principalmente no centro sul. Porém no norte e nordeste do país também existe o desenvolvimento de estudos. Trabalhos pioneiros foram realizados no Paraná e Santa Catarina através de trabalhos com pesquisa e extensão realizados por pesquisadores e professores da Unioeste, Embrapa Mandioca e Fruticultura e Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
Entre as formas de manejo que são consideradas no escopo do sistema conservacionista além das práticas edáficas e mecânicas recomendadas agronomicamente para todos os sistemas de produção, incluem os sistemas de preparo do solo cultivo mínimo e plantio direto, este último considerado atualmente um sistema conservacionista. Na linha do desenvolvimento do Sistema Plantio Direto para mandioca, o primeiro grande avanço para o cultivo foi em 2009 com o “aperfeiçoamento de um mecanismo sulcador para plantio direto de mandioca” idealizado pelo professor Emersom Fey. Porém antes deste trabalho o professor havia desenvolvido inúmeros trabalhos para validação do sistema plantio direto desde 2002.
Na sequência, estudos sobre perdas de solos em estações experimentais em Urussanga e Sangão, Santa Catarina, realizados em conjunto entre Epagri e Embrapa Mandioca e Fruticultura, estimularam o desenvolvimento do trabalho sobre o efeito do sistema plantio direto sobre a produtividade da mandioca.
Segundo Marco Rangel e Enilto de Oliveira Neubert (Epagri), “em uma unidade conduzida na estação experimental de mandioca da Epagri, em Urussanga, verificaram-se perdas de solo no sistema convencional dez vezes superior ao plantio direto sobre palhada de aveia preta”.
Em entrevista concedida ao programa Agro em Revista, do canal AgroMais, da Rede Bandeirantes sobre o “plantio direto de mandioca: cultivo sobre cultura anterior aumenta a produtividade”, o pesquisador Rangel afirma que “mesmo que não aumentasse a produtividade em relação ao sistema convencional, o plantio direto da mandioca já representaria um grande ganho ao produtor, por conta da melhoria das condições ambientais, menor perda de solo, sequestro de carbono etc. E, além disso, a tecnologia proporciona redução de custos de produção, sem custo de aração, gradagem, desgaste e quebra de máquinas e tratores”.